Comissões da Câmara debatem publicação que orienta gastos com pesquisas cientificas

As Comissões de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC), de Educação (CE) e de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTI) da Câmara dos Deputados realizaram em conjunto audiência pública, nesta terça (02.07), para debater uma cartilha que orienta gestores de instituições federais de ensino superior na execução dos recursos orçamentários destinados ao fomento de pesquisas cientifica nas universidades.
25/03/2011 16h10

Na abertura da reunião o deputado Edinho Bez (PMDB-SC), presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, falou sobre a importância da publicação. “A coletânea de entendimentos, tem o objetivo de padronizar e consolidar informações a fim de minimizar a ocorrência de impropriedades e irregularidades no processo de gestão dessas instituições”, ponderou o parlamentar.

Atendendo a quatro solicitações, entre elas, a do Deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) e subscrito pelos deputados Izalci (PSDB-DF), Otávio Leite (PSDB-RJ) e Sibá Machado (PT-AC), foram convidados os representantes da Controladoria Geral da União – CGU, Tribunal de Contas da União – TCU, Ministério da Educação – MEC e representante da comunidade científica que trabalha em pesquisas no país.

Para Carlos Higino Ribeiro Alencar, secretário-executivo da CGU, a publicação é uma expressão do trabalho da CGU nos últimos anos. Ele salientou que a parceria com o MEC mostra a efetividade das medidas que o órgão vem adotando. “A CGU tem como diretrizes a ênfase na atuação preventiva, a radicalização da transparência, a interação permanente com o gestor e a busca conjunta de soluções”, disse.

Entre as questões contidas na cartilha estão algumas relacionadas à contratação de pessoal, hipóteses de dispensa de licitação, requisitos para que um professor estrangeiro ingresse como professor visitante na instituição e em que situações podem ser pagas diárias e passagens para colaborador eventual.

 

 

Já Francisco Eduardo de Holanda Bessa, assessor especial de controle interno do MEC, disse que a publicação foi elaborada por um grupo de trabalho que reuniu experiências e regras existentes para a aplicação de recursos em instituições federais de ensino superior e institutos que compõem a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.

O diretor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe/UFRJ), Luiz Pinguelli Rosa, criticou a cartilha que a Controladoria-Geral da União (CGU) editou para orientar as universidades em questões administrativas. “Para começar, é preciso ter clareza de que nós devemos sempre ser contra a roubalheira. Seja aonde for, inclusive se houver na universidade. O combate a irregularidades com o dinheiro público não é o problema. O problema é que a CGU não está fazendo isso”, criticou.

Ele disse ainda que a CGU está fazendo da universidade uma espécie de refém para uma atuação publicitária de seu ministro (Jorge Hage, ministro-chefe da CGU). O caso da Universidade Federal do Rio de Janeiro é emblemático. “Eu não posso falar por todos, mas o que eu li do relatório da CGU (que gerou as denúncias contra o ex-reitor Aloísio Teixeira, o atual reitor Carlos Levi e mais três servidores, dentre eles o professor Geraldo Nunes) é uma indignidade”, disse o cientista.

O Professor Gustavo Balduíno, secretário-executivo da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais do Ensino Superior - Andifes, disse que o impacto no ritmo das pesquisas por meio da burocratização foi precisamente a causa da revolta nas universidades. Para o mundo acadêmico, pesquisa cientifica não pode ser tratada pela fiscalização da mesma maneira que a compra de material de escritório ou a execução de uma obra rodoviária. “O próprio governo admitiu essa particularidade, ao decidir o formato jurídico da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial. A cartilha mostrou-se bastante restritiva. Hoje, nós não temos arcabouço jurídico para fazer pesquisa no Brasil. E fazer pesquisa não é hobby da universidade, é uma questão estratégica para o País”, alerta Gustavo Balduíno.

Segundo o deputado Newton Lima (PT-SP), entre as ações conjuntas do MEC e da controladoria está o programa de expansão dos institutos federais. “A cartilha dá recomendações claras, propõe ações para os gestores e orienta sobre o que podem e não podem fazer”, disse o deputado. O MEC estuda a expansão das ações de controle preventivo aos demais níveis educacionais.