Comissão vai ouvir policial militar que fez denúncias contra ministro do Esporte
Foi aprovado, ainda, requerimento do deputado para ouvir o motorista Célio Soares Pereira, que também fez acusações contra o ministro do Esporte, Orlando Silva.
A previsão, segundo Magalhães Neto, é ouvir o policial já na próxima semana. A data dos depoimentos, no entanto, ainda não foi definida.
“Aproveitamos um cochilo do governo para aprovar os requerimentos”, disse Magalhães Neto. “É importante que João Dias e Célio possam trazer, na riqueza de detalhes que já apresentaram à imprensa e na reunião com as oposições, todas as denúncias que pesam contra o Ministério do Esporte.”
As denúncias contra o ministro foram publicadas na revista Veja desta semana. Na reportagem, o policial João Dias – ex-militante do PCdoB, partido ao qual o ministro é filiado – acusa Orlando Silva de estar envolvido em um esquema de irregularidades que, em oito anos, teria desviado mais de R$ 40 milhões do programa Segundo Tempo. Ele também relata que o ministro teria recebido um pacote de dinheiro desviado do programa.
Falta de provas
Em audiência na Câmara, nesta terça-feira, o ministro do Esporte disse que não cometeu irregularidades na execução do programa Segundo Tempo e lembrou que, até agora, o policial não apresentou provas.
Magalhães Neto, no entanto, disse que o policial fez ontem um depoimento “consistente e rico em detalhes” em reunião fechada com parlamentares da oposição. “João Dias afirmou categoricamente que tem provas e que, no momento certo, está disposto a mostrar essas provas.”
O deputado disse esperar que o policial entregue provas, como gravações e documentos, durante a audiência da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. “Quem ouve o João Dias percebe que havia uma quadrilha operando no Ministério do Esporte. Para confirmar ou não a existência disso, é fundamental que João Dias possa vir à Câmara e apresente as provas daquilo que está denunciando.”
“A partir do que for dito e das evidências apresentadas, vamos querer que todos envolvidos sejam punidos, caso fique comprovada a sua participação em atos de corrupção. Não interessa se é governador, se é ministro”, disse Magalhães Neto.
Investigações
O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto disse que confia no trabalho da Polícia Federal, que vai apurar as denúncias contra o ministro. Ele lembrou ainda que, em fevereiro deste ano, apresentou requerimento que gerou a abertura de investigação no Tribunal de Contas da União (TCU) sobre irregularidades envolvendo o programa Segundo Tempo.
Na audiência de ontem na Câmara, o ministro do Esporte disse que colocou seus sigilos à disposição e que pediu a abertura de inquérito na Polícia Federal e de investigação no Ministério Público para apurar as denúncias.
Orlando Silva chamou João Dias Ferreira de “desqualificado, criminoso e bandido”. “Quem tem provas contra ele sou eu, os autos dos processos que fizemos para recuperar os recursos públicos”, disse o ministro, que apresentou papeis do processo judicial contra João Dias Ferreira por suposto desvio de verba pública e enriquecimento ilícito.
O policial militar comanda duas ONGs que receberam recursos em convênios com o Ministério do Esporte e responde a processo judicial que tramita em segredo de Justiça, no qual o Ministério Público pede a condenação dele e a devolução de R$ 3,17 milhões aos cofres públicos. Em 2010, ele chegou a ser preso pela Polícia Civil de Brasília.
Para Magalhães Neto, porém, o discurso do ministro é de alguém que “está na defensiva, que quer se esquivar das graves denúncias que foram apresentadas contra o seu ministério”. O deputado disse que a situação do ministro do Esporte torna-se, a cada dia, mais insustentável.
Matéria da Agência Câmara de Notícias