Chanceler brasileiro critica invasão de privacidade sob o pretexto de luta contra o terrorismo

Em audiência pública conjunta das comissões de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC), de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN), de Legislação Participativa (CLP), de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) e de Seguridade Social e Família (CSSF), teve o ministro das Relações Exteriores, Antonio de Aguiar Patriota, para debater os temas dos diversos requerimentos, ele falou sobre política externa brasileira, as denúncias de atividades de espionagem de agências do governo dos Estados Unidos em território brasileiro, e a recente prisão do brasileiro David Miranda, ocorrida no último domingo (18), no aeroporto internacional de Heathrow, em Londres.
25/03/2011 16h10


O ministro Patriota, disse que o combate ao terrorismo no mundo é compreensível, mas não se pode recorrer a práticas que atentem contra a privacidade dos cidadãos, sob pena de o esforço se tornar contraproducente. "Em vez de boa vontade, coloca sombras, na medida em que essas questões não são esclarecidas", advertiu o chanceler.
Patriota se referia às denúncias da prática de espionagem feita pelo governo dos Estados Unidos contra cidadãos de outros países, entre eles o Brasil. O ministro assinalou que o combate ao terrorismo deve respeitar as leis e disse esperar um avanço no debate com o governo norte-americano sobre esse assunto.

O outro assunto que provocou polêmica no debate foi o acordo para que médicos cubanos trabalhem em áreas carentes do Brasil. “A decisão foi tomada em função de considerações dos melhores serviços possíveis, não tem motivação ideológica, há muitos médicos cubanos dispostos a fazer esse tipo de trabalho, talvez não tenha muitos médicos austríacos, por exemplo, dispostos a fazer esse trabalho”, disse o ministro.

Ele disse ainda que a motivação é humanitária para suprir as necessidades do país. Patriota reiterou que o acordo com os profissionais de Cuba avalia a experiência deles e o contato com a saúde da família, mas evitou mencionar o fato de os salários dos médicos cubanos serem administrado pelo governo de Cuba.
 
Prisão de brasileiro ainda sem explicações do governo britânico

Sobre o caso do brasileiro David Miranda, detido por quase nove horas no aeroporto de Heathrow, em Londres, no último domingo, o ministro voltou a dizer que ainda aguarda explicações satisfatórias do governo britânico em relação ao episódio.

David é companheiro do jornalista Glenn Greenwald, do diário inglês The Guardian, que divulgou informações sobre o esquema de espionagem do governo norte-americano. Ele foi detido sob a lei antiterrorismo britânica, que permite à polícia do Reino Unido deter qualquer pessoa sem necessidade de apresentar uma causa provável.
A reunião atendeu requerimentos dos deputados Edinho Bez (PMDB-SC), presidente da CFFC, Sibá Machado (PT-AC), Mandetta (DEM-MS) e Eleuses Paiva (PSD-SP).