Cerveró afirma que compra de Pasadena não foi malfadada e nega apadrinhamento político na sua indicação

O ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró, afirmou que o projeto de compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, não pode ser chamada de malfadada. “O projeto foi baseado em análises e estudos e à época apresentava ser um bom negócio. Não podemos dizer que o projeto foi malfadado porque não houve sua concretização”, explicou Cerveró.
25/03/2011 16h10

Milena Feitosa

Cerveró afirma que compra de Pasadena não foi malfadada e nega apadrinhamento político na sua indicação

Nestor Cerveró esteve na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC), na manhã da quarta-feira (16.04.14), onde participou de audiência pública para esclarecer sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Ele foi apontado pela presidente Dilma Rousseff como responsável pelo erro que levou o conselho de administração da estatal a aprovar a compra. Em 2006, o conselho era presidido por Dilma, então ministra-chefe da Casa Civil. No senado, a presidente da Petrobrás, Graça Foster, repetiu a versão de Dilma de que a aquisição de 50% das ações de Pasadena fora autorizada pelo conselho de administração da estatal, em 3 de fevereiro de 2006, com base em resumo executivo elaborado pelo então diretor Nestor Cerveró.  

A reunião durou mais de quatro horas e contou com a participação das comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio e da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional.  O presidente da CFFC, Hugo Motta (PMDB-PB) que conduziu os trabalhos agradeceu a presença do ex-diretor e ressaltou que o desejo de todos os cidadãos brasileiros é que as possíveis irregularidades com a Petrobrás possam ser solucionadas para que “a estatal que tem grande representatividade para a economia do nosso país, gerando emprego e renda, não continue sendo palco de acusações que vem desgastando sua imagem perante os investidores”.

Durante o debate, o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), um dos autores do requerimento que convidou Cerveró à CFFC, em suas indagações, questionou se o ex-diretor se sentiu traído ao ser demitido da diretoria. Tanto parlamentares da oposição como do PMDB pressionaram o ex-diretor para saber se a presidente Dilma foi ou não enganada e se a sua indicação ao cargo de diretor teve algum apadrinhamento político.

“De forma nenhuma. Não houve intenção de enganar ninguém. A posição não é só minha, é da diretoria e do conselho que aprovou este projeto”, respondeu Cerveró e ressaltou que não há decisões individuais na empresa, e que a compra foi feita de forma colegiada pela diretoria da empresa e pelo conselho de administração. Cerveró disse ainda que afirmar que sua indicação ao cargo foi política é desmerecer sua qualificação e competência técnica.

Mudança Estratégica

Por diversas vezes os parlamentares interpelaram Cerveró sobre o insucesso da compra de Pasadena e ele respondeu que o projeto não pode ser considerado insucesso se não o foi completado. Ele explicou que foi necessário fazer uma mudança estratégica diante do novo cenário nacional que se apresentava com a descoberta do pré-sal, precisando dar novas prioridades aos investimentos. “Com o pré-sal houve a necessidade de maiores investimentos ocasionando uma mudança estratégica e por isso não sendo possível completar o projeto inicial”, explicou Nestor Cerveró.

Demissão

Cerveró negou que sua demissão estivesse relacionada à aquisição de Pasadena e afirmou não ter havido punição. “Não houve punição. Na minha saída, houve uma série de elogios pelo desempenho na área internacional. Se fosse isso, (a demissão) teria de ser feita há seis ou sete anos. Não é uma questão que possa se vincular a Pasadena”, disse.

Nas considerações finais, parlamentares do PT avaliaram que audiência pública foi além das questões técnicas e na verdade serviu de palco para debate político, uma vez que estamos em ano eleitoral e afirmaram não temer à instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito que vai investigar as denúncias de irregularidades com a Petrobrás.