Brasil desconhece a riqueza estratégica do nióbio
A reunião debateu a exploração e exportação deste minério que é uma matéria prima para fabricação de ligas de aço de alta resistência, utilizadas principalmente nos setores da construção civil, óleo e gás e automotivo. “É por isso que também se fala do nióbio como “metal verde”, um metal que através de suas características torna as estruturas de aço mais leve e acaba por gerar uma economia na produção do aço”, garantiu o diretor financeiro dos Negócios Fosfato e Nióbio da Anglo American Brasil, Mauro Meinberg.
As reservas nacionais medidas de nióbio e analisadas pelo Departamento Nacional de Produção Mineral, totalizam 842.460 milhões de toneladas, as reservas então concentradas nos Estados de Minas Gerais (64,45%), Amazonas (33, 94%) e Goiás (1,61%). Das reservas mundiais com mais de 4,3 bilhões de toneladas, no Brasil está 4,2 biliões, ou seja, 98% de todas reservas do mundo.
No Brasil, três empresas respondem pela totalidade da produção do nióbio, de acordo com informações de Edio Lopes. A Anglo American, empresa britânica instalada em Catalão (GO), é a segunda maior produtora de nióbio no Brasil. A empresa estima um crescimento de 6% ao ano. Conforme dados divulgados, a divisão do nióbio respondeu por uma receita de US$ 173 milhões (aproximadamente R$ 377 milhões) em 2012, com lucro operacional de US$ 81 milhões (aproximadamente R$ 176 milhões).
O parlamentar, disse ainda que saiu da audiência pior do que chegou ao recinto, com mais dúvidas sobre o que o Brasil não faz para conter a entrega de mineral tão raro no mundo. “Estamos perdendo cerca de 50 bilhões de dólares anuais, e vendendo o nosso nióbio na mesma proporção como se a Opep vendesse a um dólar o barril de petróleo. Mas petróleo existe em outras fontes, e o nióbio só no Brasil; podendo ser outra moeda nossa. Não é um descalabro alarmante”?
Para o deputado Carlos Brandão (PSDB-MA), relatou da PFC nº 125/2013 de autoria do deputado Edio Lopes, indagou os diretores da Companhia Anglo American; “como é possível o fato de o Brasil ser o único fornecedor mundial de nióbio (98% das jazidas), sem o qual não se fabricam naves espaciais, aviões, mísseis, centrais elétricas e aços leves; e seu preço para a venda, além de muito baixo, seja fixado pela Inglaterra, que não tem nióbio algum”?
Ação governamental
Os parlamentares presentes na audiência ressaltaram que os críticos do modelo atual de exploração do nióbio no Brasil cobram uma maior atuação do governo federal, defendendo o controle do preço de comercialização do produto. Em alguns casos eles pedem até mesmo a estatização da produção, pois quem consome o nióbio são empresas transnacionais superespecializadas que devem fazer pressão para ter um produto a um preço acessível.
Segundo o deputado Fernando Francischini (SDD-PR), “alguns analistas afirmam que, se o Brasil ditasse o preço do produto, poderia ganhar até 50 vezes mais do que recebe atualmente”. Ele cita o exemplo da China em relação à produção de terras-raras.
Já o deputado Sérgio Brito (PSD-BA), “agora, o Brasil, sendo o detentor do nióbio do mundo, não deveria estabelecer o preço desse minério no mercado de acordo com os seus próprios interesses? O que se ver em relatos dos cientistas, que o Brasil vende nióbio a preço de bananas”, desabou o parlamentar.
Participantes
Foram convidados para a audiência:
- o diretor financeiro dos Negócios Fosfato e Nióbio da Anglo American Brasil, Mauro Meinberg; e
- o diretor de operações de Nióbio da Anglo American Brasil, Paulo Minsk.