Agentes lotéricos cobram aumento de valores repassados pela Caixa Econômica Federal

Segundo a Associação dos Lotéricos de São Paulo e Interior, os últimos reajustes oferecidos pela Caixa não repõem a inflação e, atualmente, a instituição financeira deveria pagar R$ 0,72 por serviço bancário prestado pela lotérica, mas paga apenas R$ 0,58
25/03/2011 16h10

Luiz Macedo/Câmara dos Deputados

Agentes lotéricos cobram aumento de valores repassados pela Caixa Econômica Federal

O deputado Valtenir Pereira fala aos lotéricos que lotaram o auditório Petrônio Portela, no Senado.

Cerca de dois mil agentes lotéricos cobraram da Caixa Econômica Federal, em debate na Câmara dos Deputados, um aumento de 23,39% nos repasses dos serviços bancários da instituição prestados pelos lotéricos.

O debate, promovido nesta quarta-feira, 29 de junho, pelas comissões de Fiscalização Financeira e Controle; Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços;  e de Finanças e Tributação, reuniu empresários do setor e de entidades representativas.

O presidente da Associação dos Lotéricos de São Paulo e Interior, José Manuel Gouveia, destacou que os últimos reajustes oferecidos pela Caixa não repõem a inflação. “Estamos perdendo dinheiro”.

Ele explicou que, atualmente, a Caixa deveria pagar R$ 0,72 por serviço bancário prestado pela lotérica, mas paga apenas R$ 0,58. Gouveia afirmou também que as agencias estão em situação financeira difícil e quase falindo.

A diretora de Comunicação da Associação dos Lotéricos de São Paulo e Interior, Adriana Domingues, reivindicou maior participação nas decisões da Caixa. “Queremos participar das negociações, e não receber determinações vindas da Caixa”, protestou.

Segurança
Ela também disse que a categoria exige que a Caixa se responsabilize pelos transportes de valores. “Recebemos dinheiro no balcão, levamos até uma agência e nesse caminho somos assaltados”, apontou.

Adriana Domingues afirmou que os lotéricos se sentem ameaçados ainda com as perspectivas de privatizações das loterias e com o projeto que legaliza os jogos de azar no Brasil. “Vai ser criado um novo tipo de apostas e porque nós não podemos ser contemplados de alguma forma?”, questionou.

De acordo com a empresária do ramo Maria Lúcia César da Silva, hoje não está valendo a pena ser dono de lotérica. "A dificuldade hoje é a segurança que não temos; o reajuste que está muito defasado. Temos que dispensar funcionário. Além disso, os municípios estão indo em cima da casa lotérica por causa da lei da fila, e não tem como a gente cobrir isso”, disse.

A posição da Caixa

Para o Superintendente Nacional de Operações de Varejo da Caixa Econômica Federal, Cleverson Tadeu Santos, a Caixa está sempre aberta a negociar. Ele disse que o banco tem feito investimentos nas lotéricas e que o objetivo é viabilizar mais serviços bancários nas lotéricas. “A ideia é ampliar o faturamento e a gama de serviços”, afirmou.

Banco da cidadania

Um dos proponentes do debate, o deputado Valtenir Pereira (PMDB-MT), da CFFC, afirmou que as loterias são o banco da cidadania por realizarem pagamentos e benefícios sociais.

"Na verdade, os lotéricos são uma mini Caixa Econômica que está instalada na periferia das cidades, lá nos distritos dos municípios, nas comunidades longínquas da sede dos municípios. É a Caixa Econômica Federal presente no dia a dia do cidadão através dos lotéricos. O que acontece? Eles estão reclamando, e com razão, da baixa remuneração dos serviços prestados", destacou o parlamentar.

O presidente da CFFC, deputado Leo de Brito (PT/AC) participou do evento.

(Da Agência Câmara/ com adaptações CFFC)