Agência Câmara repercute audiência da CFFC com Sepúlveda Pertence
O presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, Sepúlveda Pertence, negou, nesta terça-feira (24), que haja interferência da presidente Dilma Rousseff no colegiado, mas reclamou da infraestrutura de trabalho. O funcionamento e as atribuições do órgão responsável pela análise da conduta de servidores públicos federais foram debatidos em audiência pública da Comissão de Fiscalização Financeira da Câmara.
![Tema: O funcionamento e as atribuições da Comissão de Ética Pública - ministro José Paulo Sepúlveda Pertence, presidente da Comissão de Ética Pública da Casa Civil da PR](https://www.camara.gov.br/internet/bancoimagem/banco/20120424202926_20120424_PC_015LPMED.jpg)
Recentemente, vários ministros enfrentaram processos na Comissão de Ética Pública, comandada pelo ex-presidente do Supremo Tribunal Federal. Na audiência, Sepúlveda desmentiu informações publicadas na imprensa de que a presidente Dilma teria intenção de trocar integrantes da comissão por estar descontente com as investigações.
Ele citou o caso do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, que terá de se explicar à Comissão de Ética sobre suspeitas de irregularidade em suas atividades de consultoria antes de assumir o cargo. "Foi uma decisão que tomei usando a prerrogativa do voto de qualidade [que desempata a votação]. Não recebi, nem direta nem indiretamente, qualquer manifestação da presidente da República a propósito".
Sobre a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, Sepúlveda lembrou que ela se antecipou na apresentação de esclarecimentos sobre supostas irregularidades na compra de lanchas quando comandava o Ministério da Pesca e Aquicultura. Os casos de Pimentel e Ideli estão em fase preliminar e, segundo o presidente da comissão, não há previsão se eles responderão a processo de ética.
Padilha
Sepúlveda admitiu ainda que poderá pedir esclarecimentos ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, citado em conversa telefônica do grupo ligado ao contraventor Carlinhos Cachoeira. Mas criticou o uso “abusivo” de gravações telefônicas.
"Parece que não é uma questão de homicídio que tenhamos de tomar uma providência hoje. É mais uma acusação de possível corrupção, então, há muito tempo. Ele é ministro de Estado, então é sujeito à atuação da Comissão de Ética”, disse, em entrevista após o debate. “Mas a utilização abusiva que se tem feito no País de gravações judicialmente autorizadas e a liberdade com que vocês, jornalistas, têm uma fórmula já pronta: 'De acordo com gravação do inquérito sigiloso ao qual o jornal teve acesso...'. Como se esse acesso estivesse nas bancas de jornais".
Durante a audiência, Sepúlveda também criticou a imprensa por divulgar informações processuais: "A Comissão de Ética tem paredes extremamente vulneráveis à escuta sempre atenta da imprensa ansiosa por notícias, desde que sejam ruins".
Estrutura
Para o presidente da Comissão de Ética, a ditadura foi o período mais corrupto da história brasileira. Ele disse esperar que a ética ajude a fortalecer a democracia e a afastar a atual descrença do brasileiro nas instituições públicas.
Sepúlveda reclamou, porém, da infraestrutura da comissão, definido por ele como “um ente de pobreza franciscana”. O órgão possui 12 funcionários e orçamento anual de R$ 600 mil. Os sete integrantes da comissão, com direito a voto nas deliberações, não são remunerados.
Autor do pedido de audiência pública, o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) avaliou que a reunião foi apenas protocolar e não avançou em relação às informações dos processos envolvendo ministros.
Reportagem - José Carlos Oliveira/Rádio Câmara
Edição – Daniella Cronemberger
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