Sessão da Cespo com o Senado destaca campanha do Brasil nas Paralimpíadas e a atuação do Parlamento para o paradesporto

Primeiro vice-presidente da Comissão do Esporte, deputado Julio Cesar Ribeiro representou o colegiado na reunião e enalteceu o apoio aos paratletas do alto rendimento por parte dos agentes públicos nesse período da Covid-19
05/10/2021 14h56

Reprodução - TV Senado

Sessão da Cespo com o Senado destaca campanha do Brasil nas Paralimpíadas e a atuação do Parlamento para o paradesporto

Primeiro vice-presidente da Cespo, deputado Julio Cesar Ribeiro representou o colegiado na sessão conjunta

A Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados (Cespo) abriu os trabalhos da semana homenageando os paralímpicos brasileiros que disputaram os jogos de Tóquio e trouxeram para casa 72 medalhas. Na tarde desta segunda-feira, 4, o colegiado realizou sessão conjunta com o Senado Federal. Da Cespo, participou da reunião o primeiro vice-presidente, o deputado Julio Cesar Ribeiro (Republicanos-DF), que foi o proponente, na Câmara, de sessão para celebrar a campanha dos paratletas no Japão. Do Senado, participaram os senadores - e proponentes da sessão - Leila Barros (ex-atleta de vôlei), Romário Faria (ex-jogador de futebol), e Mara Gabrilli (PSDB-SP), além de Nelsinho Trad (PSD-MS).

 

“Temos que agradecer não só aos nossos campeões, mas todos que disputaram os jogos de Tóquio, a delegação brasileira, as comissões técnicas, as confederações, e o governo federal, que mesmo diante da crise imposta pela pandemia da Covid-19 continuou incentivando e garantindo os recursos necessários para a campanha vitoriosa no Japão. O paradesporto fez, tem feito e vai fazer mais a diferença no Brasil”, declarou o deputado Julio Cesar Ribeiro.

 

A senadora Leila Barros presidiu a sessão. Ela ressaltou que, como ex-atleta olímpica, conhece as dificuldades enfrentadas por quem opta por seguir a carreira até alcançar o patamar do alto rendimento.

 

“É preciso muito amor, muita resiliência para seguir esse sonho, mais ainda nesse período da pandemia da Covid que prejudicou a rotina de treinamento, gerou o distanciamento. A garra e a vontade de todos da delegação nos emocionaram, e sentimos como se cada abraço dado em um pódio fosse em cada um de nós aqui no Brasil. O Congresso Nacional, com essa sessão, demonstra gratidão e reconhecimento a cada um de vocês. Avançamos muito a partir da Lei 13146/2015, que instituiu o Estatuto da Pessoa com Deficiência, mas sabemos como é grande o desafio para que a legislação seja efetivamente cumprida na sua plenitude visando garantir respeito e dignidade às pessoas com deficiência no Brasil”, pontuou a senadora.

 

A senadora Mara Gabrilli fez a exposição, de forma remota, durante sua sessão de fisioterapia. Em uma esteira ergométrica e com equipamentos adaptados para que pudesse movimentar as pernas e os braços, a parlamentar destacou, além da performance dos paratletas para os resultados obtidos no Japão, a atuação de Mizael Conrado no comando do Comitê Paralímpico Brasileiro.

 

“O nosso paradesporto vive esse momento graças à competência e à paixão do Mizael na presidência do CPB, como ele lutou pela qualificação de técnicos e outros profissionais, e pelos paratletas do nosso país. Tive a honra de relatar a Lei Brasileira de Inclusão no meu mandato de deputada federal, e foi o Mizael quem sugeriu a inserção do dispositivo para que houvesse o repasse de recursos das loterias para o fomento do paradesporto nacional. Estou muito emocionada, e acredito no esporte como aliado da educação e essas áreas, juntas, são ferramentas poderosas de inclusão. Todos que disputaram as Paralimpíadas de Tóquio são exemplos para o Brasil inteiro, para qualquer cidadão. E é até difícil de mensurar o valor que vocês tem para uma criança, um jovem com deficiência, que veem vocês como seus campeões”, afirmou Mara Gabrilli.

 

O senador Romário Faria disse que tão importante quanto os Jogos Paralímpicos é a vitória na ‘competição esportiva’ que as pessoas com deficiência enfrentam nos desafios do dia a dia.

 

“Esses paratletas superam dificuldades em campo, nas quadras, piscinas, e nas suas cidades com ruas e calçadas sem acessibilidade, sem a adaptação necessária para sua mobilidade. Por isso, esses brasileiros são grandes atletas, eles transpõem barreiras diárias, superam obstáculos físicos além da discriminação e do preconceito em função do tipo de deficiência que possuem. Precisamos avançar mais na nossa legislação, sim, além de investir melhor nos programas de patrocínio direto aos esportistas, como o Bolsa Atleta, focar esforços nas bases, nos clubes formadores. Temos que pensar naqueles que estão no patamar do alto rendimento, e não negligenciar aqueles que não são favorecidos com recursos públicos ou não tem condições próprias de bancar suas carreiras no paradesporto. As necessidades e dificuldades são muitas”, declarou o senador, que tem uma filha, de 16 anos, com síndrome de Down.

 

O presidente do CPB, Mizael Conrado, agradeceu ao Parlamento pelos avanços na legislação que tornaram possível o aumento do financiamento público para o paradesporto, e citou a evolução dos paratletas do nosso país em Jogos Paralímpicos, a partir do ano de 1996 (Atlanta, EUA). Segundo Mizael, melhorias na estrutura dos locais de treinamento dos paradesportistas, entre outros benefícios, levaram o Brasil a se consagrar entre os 10 países mais bem colocados no ranking de medalhas dessas competições.

 

“Graças aos recursos obtidos por meio da LBI, conseguimos tocar nossos projetos e temos planos de ampliação, de bater metas até 2025. Contamos com 31 centros de referência voltados ao atendimento de demandas das pessoas com deficiência. É gente com uma resiliência indescritível. Esse ciclo [paralímpico] foi muito desafiador. Tivemos muitas expectativas em função dos resultados positivos em campeonatos mundiais, sobretudo no atletismo e na natação. Em março de 2020, a pandemia da Covid começava a prejudicar o mundo, e havia até uma falta de horizonte sobre a realização das Paralimpíadas. Os jogos foram adiados em um ano, e o centro de treinamento aos paratletas só pôde ser reaberto no último mês de fevereiro. Eles mostraram do que eram capazes treinando em casa, tendo o apoio de equipes multidisciplinares à distância, mostraram que são grandes!”, exclamou Mizael.

 

O brasileiro e presidente do Comitê Paralímpico Internacional, Andrew Parsons, ressaltou que a relação entre o Parlamento e o CPB deve ser de diálogo permanente. Parsons também parabenizou a gestão de Mizael Conrado, e avaliou que a mesma é focada nas necessidades dos paratletas visando o aumento do rendimento e da conquista de mais e melhores resultados nas competições disputadas.

 

“É um trabalho que começa nas bases, com a identificação de talentos nas escolas, em seguida o investimento para alcançar e se manter no alto rendimento, e ainda o pós-carreira. É um orgulho para mim presidir o CPI e acompanhar essa evolução do Brasil nos jogos. Nosso país deixou de ser mais um participante e se tornou uma nação de protagonismo. As Paralimpíadas, além de um evento de elite, são uma plataforma de inclusão que pode mudar a realidade, a vida de mais de 1 bilhão de pessoas com deficiência no mundo, principalmente nesse momento em que a Internet ampliou o acesso e deu mais visibilidade à competição”, disse Andrews Parsons.

 

Também participou da sessão o secretário nacional do Paradesporto e técnico da seleção feminina do vôlei sentado - que levou o bronze em Tóquio -, José Agtônio Guedes. Ele agradeceu pelos investimentos no paradesporto, mas pontuou a necessidade de estratégias e ações por parte de estados e municípios para a formação dos paratletas.

 

“É importante que estados e municípios assumam suas responsabilidades em relação ao paradesporto. Precisamos dar oportunidades e equidade, ainda, por meio de políticas públicas, para atletas com deficiência intelectual, transtorno do espectro autista, surdos e tantos outros grupos que não estão integrados ao movimento paralímpico. Nossos gestores e legisladores precisam ser mais sensíveis à causa do paradesporto, além da educação e da saúde das pessoas com deficiência. Toda a estrutura deve funcionar de forma plena para promover qualidade de vida e dignidade a essa população”, considerou Agtônio.

 

Ciclista paralímpica, Jade Malavazzi, que estava no Senado participando da sessão, declarou que só foi possível para ela seguir a carreira por meio do suporte do programa federal de patrocínio direto a esportistas e paradesportistas de alto rendimento, o Bolsa Atleta.

 

“Todos nós, independentemente da conquista de medalhas, demos o nosso melhor nos jogos e nos orgulhamos dos resultados. Já estamos nos planejando para as Paralimpíadas de Paris, em 2024, e contamos com o apoio do governo federal e do Parlamento para que possamos representar o Brasil na competição daqui a 3 anos”, disse a paraciclista.

 

Assim como Jade, o cavaleiro Sérgio Oliva participou da sessão no Senado. Ele falou sobre os desafios impostos pela pandemia da Covid-19 para a preparação dos paratletas, e que o apoio federal, via Bolsa Atleta, foi indispensável para que pudessem ir ao Japão competir pelo Brasil. Sérgio Oliva sugeriu, durante sua exposição, que fosse criado uma fonte de fomento pública voltada a entender aos treinadores dos paradesportistas.

 

“Uma grande queixa dos técnicos é a falta de valorização do papel que desempenham para preparar os atletas. Seria importante criar um fundo ou uma bolsa para atender esses profissionais, desde os que atuam nas categorias de base até aqueles que trabalham no alto rendimento”, sugeriu o paratleta de hipismo.

 

Em sua breve participação na sessão, o senador Nelsinho Trad, além de citar a rotina de preparação de um paratleta de seu estado, que treina com o pai, que é seu guia, declarou que olhar para os paralímpicos e seus feitos em Tóquio “dá gosto de ser brasileiro”. 

 

Grande destaque nessas Paralimpíadas - com três ouros, uma prata e um bronze na natação -, a pernambucana Carolina Santiago agradeceu pela atuação do CBP no preparo e apoio aos paratletas.

 

“O comitê acreditou fez muito por nós, acreditou no nosso potencial. Foram investimentos que permitiram que pudéssemos treinar, nos preparar e alcançar os melhores resultados para o nosso país”, declarou Carolina.

 

Primeiro ouro do parataekwondo da história das Paralimpíadas, Nathan Torquato disse deseja que o paradesporto brasileiro continue no rumo para expandir e se tornar cada vez mais profissionalizado.

 

“O esporte tem muita importância por ser, também, ambiente de resgate. Muitas crianças e jovens que estão perdidos, ou podiam se perder em suas vidas, encontram no paradesporto esperança, oportunidades, inclusão, disciplina e outros valores”, destacou Nathan, de 20 anos.

 

Encerrando as exposições da sessão, Claudiney Batista, do lançamento de disco, exibiu a medalha de ouro conquistada no Japão. Ele chamou a atenção para a necessidade de mais investimentos nos paratletas de alto rendimento.

 

“Precisamos desses incentivos financeiros para nos prepararmos para as competições, pois temos família, despesas e outras responsabilidades para custear. Agora, é treinar para Paris 2024. Vamos fortes para o próximo ciclo paralímpico!”, concluiu Claudiney.

 

A senadora Leila Barros entregou diplomas de participação aos convidados da sessão.

 

“Contem sempre com o Congresso Nacional para trabalhar pelas pautas do paradesporto brasileiro”, encerrou a senadora.

 

Confira o vídeo completo da sessão em homenagem aos paralímpicos brasileiros no link - https://bit.ly/3Dc5Kh9

 

Por ascom Cespo - Patrícia Fahlbusch, DRT 051791