Presidente da Comissão do Esporte, deputado Felipe Carreras propõe alteração na Lei Pelé para garantir aos atletas apoio profissional psicológico
Genilson Frazão/Ascom deputado Felipe Carreras
Deputado Felipe Carreras, presidente da Cespo: "Com meu projeto, queremos aperfeiçoar e enriquecer a Lei Pelé, ampliando mais essa salvaguarda para os atletas”
Nos Jogos Olímpicos Rio 2016, a ginasta americana Simone Biles alcançou fama mundial quando conquistou quatro medalhas de ouro e uma de bronze. Já o que se viu com a atleta na edição Tokyo 2020 também chamou atenção do mundo, mas por outro motivo: Biles optou por não disputar etapas finais da ginástica e declarou que a decisão foi para priorizar sua saúde mental.
A repercussão do caso de Biles alcançou o futebol. A Fifa e a Organização Mundial da Saúde recomendaram aos atletas, principalmente aos das categorias de base, procurar ajuda em caso de problemas emocionais. Segundo a Fifa, metade dos problemas de saúde mental, considerando a população em geral, surge perto dos 14 anos. O suicídio é a quarta causa da morte de jovens entre 15 e 29 anos. Entre os esportistas, a saúde mental é abalada por fatores como a distância da família em função da rotina de treinos, a adaptação do corpo à modalidade praticada, e a falta de acompanhamento psicológico.
Para suprir essa carência no desporto nacional, o deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE), presidente da Comissão do Esporte da Câmara, apresentou o Projeto de Lei 2730/2021, que prevê a obrigatoriedade de apoio profissional psicológico aos atletas. De acordo com a redação da proposta, a entidade convocadora do esportista fica responsável por estabelecer um programa voltado a essa demanda a partir da data do chamamento, até 10 dias após as competições. Também cabe a essa mesma instituição o custeio desse suporte, que deve ser coordenado por profissional registrado em conselho profissional de Psicologia.
“Não fazemos ideia de como é a verdadeira rotina dos esportistas, que suportam dores físicas e emocionais, e boa parte deles não tem qualquer tipo de apoio para lidar com a saúde mental. Doenças invisíveis, como a depressão e a ansiedade, os esportivas enfrentam calados, ou nem mesmo sabem como reconhecê-las. Mas, em algum momento de suas vidas, essas enfermidades, que causam tão mal quanto outras doenças, se manifestam de muitas formas, levando atletas a desistirem de competir ou de seguir carreira no desporto”, pontuou Felipe Carreras.
O atleta Altobeli Silva, dos 3 mil metros com obstáculos, terminou os jogos de Tóquio em 10º lugar na sua bateria, no primeiro dia de disputas. Finalista em Rio 2016 e medalha de ouro no Pan de Lima 2019, Altobeli ficou abalado com a performance no Japão.
“É uma frustração muito grande, porque quando você não treina, não se dedica, dá ‘migué’, vai para festinha , é uma coisa. Mas quando você abre mão de tudo isso, se isola, espera um ótimo resultado e acontece o que aconteceu, eu sinceramente fico sem entender. Minha vontade é de chorar, porque eu treinei pra caramba. Treinei muito pra estar aqui”, declarou Altobeli durante entrevista a um canal de TV brasileiro.
Estudo da Federação Internacional de Atletas apontou que quase 25% dos jogadores em atividade sofrem transtornos do sono, 9% relataram que sofrem de depressão e outros 7% são ansiosos. Os números aumentam entre os jogadores que já se aposentaram: a depressão afeta 13% dos atletas.
“Quantas alegrias o esporte nos traz? Nos agrega como nação, como modelo de vida, de disciplina e de dedicação, nos mostra um caminho, principalmente para a nossa juventude, de que os esforços podem ser recompensados. Mas, casos como o da ginasta Simone Biles nos faz refletir sobre a necessidade do cuidado com a saúde integral dos atletas. Com meu projeto, queremos aperfeiçoar e enriquecer a Lei Pelé, ampliando mais essa salvaguarda para os nossos esportistas”, concluiu o presidente da Cespo.
O PL 2730/2021 altera a Lei Pelé (nº 9615/1998), que institui normas gerais sobre o desporto nacional, acrescentando parágrafo ao Artigo 41. A proposta tramita apensada ao PL 7683/2017, que tem como relatora, na Cespo, a deputada federal Celina Leão (PP-DF).
*Por Ascom Cespo - Patrícia Fahlbusch, DRT 051791