Especialistas debatem impactos da Covid no esporte
Nesta quarta-feira, a Comissão do Esporte contou com a presença de especialistas para debater o impacto da pandemia da Covid-19 no esporte. A audiência pública foi requerida pelo requerimento nº 14 de autoria do deputado Diego Garcia (REPUBLICANOS/PR).
De acordo com o deputado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que, ao menos 150 minutos de atividade física, devem ser praticados por semana e houve uma piora significativa desses números nos últimos anos. “A pandemia da Covid-19 trouxe diversos efeitos para a sociedade e as práticas esportivas não ficaram de fora. Uma pesquisa feita em 14 países, incluindo o Brasil, mostrou que houve redução na prática de atividades físicas durante o período de isolamento”, afirmou.
A consultora da International Health Racquet & Sportsclub Association (IHRSA), Mônica Marques, citou que, no ano de 2018, o Brasil era considerado o quinto país mais sedentário do mundo com 47% da população inativa. “A gente calcula que, provavelmente, esse número deve ter aumentado. Embora não existam estudos específicos, a gente tem uma estimativa global de que isso tenha passado para 60%”, acrescentou. Para a consultora, a situação se agrava já que atualmente cerca de 80% dos adolescentes são considerados sedentários no país e “pela primeira vez, a expectativa é de que essa geração de adolescentes viva menos do que a anterior”, disse.
Já de acordo com o atleta olímpico, Tiago Camilo, pesquisas apontam que o Brasil é o país mais ansioso do mundo e este dado acende uma luz vermelha para os índices de suicídio infantil. Segundo ele, esses números são decorrentes de um aumento do sedentarismo, peso e do tempo de tela. Porém, além disso, o atleta tem percebido que “os alunos, tanto do ensino infantil, ensino fundamental e médio, estão mais inseguros, introvertidos e com mais dificuldades de lidar com os colegas e com os desafios impostos pela vida”.
Nelson Leme, presidente do Conselho Regional de Educação Física de São Paulo, acredita que o fechamento das academias em meio à pandemia não foi feito de forma correta, o que acabou por agravar a saúde das pessoas. “A consequência disso é o aumento da inatividade e a saúde da população que foi deixada em segundo plano”, ressaltou ao lembrar que a academia não pode ser tratada como um estabelecimento de entretenimento, como outros que também foram fechados.
Valter Francisco Brigido, educador físico e proprietário de uma academia de musculação, disse que, em um primeiro momento, entendeu que as providências tomadas poderiam ser benéficas para a população, uma vez que estava na fase de entendimento da doença. No entanto, para ele, ao não praticarem atividades físicas devido ao lockdown e fechamento de academias, as pessoas passaram a estar mais suscetíveis às doenças.
Para Gustavo Chaves Brandão, presidente do Conselho Regional de Educação Física do Paraná, o impacto causado pela pandemia de Covid-19 deve ser visto com um olhar especial, já que o “esporte que é muito capaz de resolver diversos problemas da nossa sociedade”. Ele acredita que não é possível haver um desenvolvimento dos desportos sem que haja profissionais de educação física capacitados com melhores condições de trabalho com equipamentos e instalações esportivas. “Também precisamos melhorar a remuneração do técnico esportivo, isso traz um benefício gigantesco para o esporte e, consecutivamente, para as crianças, adultos e idosos”, finalizou.
Aílton Mendes, presidente da Associação Brasileira de Academias, cita que é necessário olhar para a população brasileira e entender que ela é uma sociedade doente e enfrenta, junto com outros países, outra grande pandemia mundial que é a do sedentarismo e da obesidade. “No mundo inteiro estamos passando por um movimento muito triste, já que é a primeira geração que vai viver menos e ter um QI menor do que o atual”. Problema este que, para ele, poderia ser resolvido com atividade física, principalmente, pelo Brasil ser um país mais barato do que outros para tornar pessoas ativas.
De acordo com o deputado Dr. Luiz Ovando (PP/MS), a dificuldade de estimular pessoas à prática de atividade física é de que ela não é prazerosa até que se descubra uma forma ideal para cada pessoa.
Confira na íntegra aqui.
Por Ascom/Cespo