Especialistas debatem a vela no ciclo olímpico Paris 2024

Nesta terça-feira (28), a Comissão do Esporte realizou audiência pública para debater os rumos que a modalidade vela tem tomado para o ciclo olímpico Paris 2024. A reunião foi convocada por meio do requerimento nº 11/22 do deputado Luiz Lima (PL/RJ).
29/06/2022 12h18

Billy Boss/Câmara dos Deputados

Especialistas debatem a vela no ciclo olímpico Paris 2024

Audiência Pública - Ciclo Olímpico Paris 2024 – Vela. Dep. Luiz Lima PL-RJ; Marco Aurélio de Sá Ribeiro - Presidente da Confederação Brasileira de Vela (CBVela)

Segundo o autor, “a vela é uma das modalidades esportivas que mais trouxe medalhas para o Brasil na história. Ao todo, foram 19 medalhas, sendo oito de ouro, três de prata e onze de bronze. Desde os Jogos na Cidade do México (1968), a vela tem conquistado resultados expressivos no quadro de medalhas e só não trouxe medalhas nas edições de Munique 1972 e Barcelona 1992”. As últimas conquistas foram com a dupla Martine Grael e Kahena Kunze, que conquistaram um ouro na Rio 2016 e outro em Tóquio 2020.

Ao dar início ao debate, o presidente da Confederação Brasileira de Vela (CBVela), Marco Aurélio de Sá Ribeiro, ressaltou a relevância da modalidade com a constância das medalhas conquistadas. Ele ainda definiu a vela brasileira como “um colosso”. Para ele, o esporte possui um sistema que funciona devido aos altos investimentos nas categorias de base e conta com mais de 150 projetos sociais no Brasil, o que segundo ele, torna a vela um esporte mais acessível. Para ele, a ajuda de patrocínios estatais pode ajudar na fabricação de barcos e consequentemente na evolução da modalidade no país. "A gente precisa criar uma indústria náutica no Brasil”, disse. Mas também, é uma modalidade que não se estende somente ao alto rendimento esportivo, "a vela também é um polo gerador de emprego porque ela está ligada a outras atividades como turismo náutico”, por exemplo. Assim, passa a ser, além de tudo, um polo gerador de empregos.

Logo após, o Secretário Nacional de Alto Rendimento da Secretaria Especial do Esporte, Bruno Souza, disse que a vela é uma modalidade campeã e atrai muito incentivos do Bolsa-atleta. "De 2005 a 2022, já foram 774 atletas contemplados no programa da vela". Outros esportes ainda têm uma característica não presente na vela: a desigualdade de gênero. Segundo o secretário, 56,8% dos beneficiários do bolsa-atleta na vela são mulheres.

Para a representante dos atletas na PanAm Sports, Isabel Swan, “a gente tem que garantir cada vez mais esse espaço da mulher no esporte". De acordo com ela, isso é uma forma de garantir o empoderamento feminino dentro dos esportes uma vez que “a caminhada da mulher no esporte é de muita inspiração” vinda de outras mulheres e muitas vezes a motivação vem com um simples pensamento: “poxa, se ela chegou lá, eu posso chegar também”. A ex-atleta citou que o Brasil tem vantagens para se tornar uma potência devido à condição climática favorável e a larga região costeira que possui mais de oito mil quilômetros.

Outra questão colocada em pauta foi a ausência de recursos financeiros em comparação com outras potências da vela. Para o coordenador da Equipe Olímpica no COB, Torben Grael, apesar de a modalidade ainda não se encontrar em um patamar de fartura financeira, já se pode dizer que há uma evolução em relação ao tempo em que competia (a última medalha conquistada por Torben foi em Atenas 2004). “O apoio das entidades era ínfimo e hoje temos diversos programas” que ajudam na profissionalização dos atletas. O representante dos treinadores de Vela, Cláudio Biekarck, tratou a questão financeira como o maior desafio da CBVela.

Para o deputado Felício Laterça (PP/RJ), existe a necessidade de fazer com que a vela e outros esportes não sejam vistos como “elitizados” para garantir o acesso democratizado da população às diversas modalidades. Esta visão, para o medalhista olímpico, Lars Grael, “pouco favoreceu a modalidade ao longo do tempo”, mas o maior problema é a falta de uma “cultura náutica e mentalidade marítima”. Mesmo assim, os clubes têm tido papel fundamental em iniciativas para maior participação popular.

O representante do Instituto Rumo Náutico, Samuel Gonçalves de Freitas, ressaltou o trabalho dos projetos sociais e escolas de vela não localizadas em clubes e marinas oficiais. Das cerca de 200 escolas, 80% se encontram nesta situação.

Por fim, o representante dos árbitros, Nelson Horn Ilha, disse acreditar que “uma parceria com uma com uma empresa estatal vai alavancar a vela para outro patamar”.