Comissão debate proteção à mulher atleta

A Comissão do Esporte realizou na quarta-feira (23) audiência pública para debater a proposta que trata da proteção à mulher atleta vítima de violência física ou sexual (PL 4866/19). O debate atendeu a requerimento do deputado Bosco Costa (PL-SE), autor do projeto. Além da relatora do projeto na CESPO, a deputada Flordelis (PSD-RJ), estiveram presentes Luciana Neder, ouvidora da Federação Sul-Americana de Jiu-Jitsu; Mayara Munhos, jornalista da ESPN; e Renata Mendonça, jornalista e autora no blog Dibradoras. Também contribuiu com as discussões a psicóloga e ex-atleta do voleibol feminino, Paula Barros, que estava presente na audiência.
24/10/2019 12h31

Reynaldo Lima/Arquivo CESPO

Comissão debate proteção à mulher atleta

Convidados debatem o PL 4866/19, sobre proteção à mulher atleta

Luciana Neder relatou sua experiência à frente da ouvidoria criada pela Federação de Jiu-Jitsu e apresentou diversos casos de agressões físicas e psicológicas noticiadas pela mídia. No entanto, como destacou, “não há muito o que se fazer, além de registrar a ocorrência e dar aconselhamento. Os agressores continuam soltos e atuando nas suas funções. ”

A jornalista Mayara Munhos contou que ouvia relatos de assédios de diversas mulheres e por esse motivo decidiu escrever sobre o assunto. “Fiz uma pesquisa com mais de 250 atletas e cerca de 60% delas resolveram assumir que sofreram assédio dentro do ambiente esportivo. Ajudar essas mulheres virou uma missão de vida para mim, ” revelou a jornalista.

Em sua fala, a jornalista Renata Mendonça lembrou que o espaço da mulher no esporte foi conquistado ao longo do tempo e que todas as modalidades, somente nos Jogos Olímpicos de 2012 em Londres, é que foram oferecidas para homens e mulheres. “Durante muito tempo a luta, o futebol, foram esportes proibidos para as mulheres no Brasil e por isso a cultura nesse ambiente foi sempre masculinizada. ”

A psicóloga Paula Barros, ex-atleta de voleibol, também relatou sua experiência como atleta – e mais recentemente como psicóloga –, e destacou a importância de se ter um ambiente acolhedor para ouvir as atletas que sofrem assédio. “Tive um caso em que uma atleta relatou ao dirigente do seu clube uma experiência de assédio cometido pelo seu treinador e o dirigente decidiu dar apoio ao treinador, ” revelou a psicóloga. “Criar esses ambientes com um olhar mais técnico e mais severo vai propiciar à atleta que alcance o rendimento na sua totalidade e isso vai melhor muito o esporte. ”

Relatora do projeto na Comissão do Esporte, a deputada Flordelis ressaltou a importância do debate e dos depoimentos prestados na audiência e prometeu continuar na luta pelas mulheres atletas por meio dessa proposição. “Lugar de mulher é onde ela quiser. Só vamos resolver esse problema quando as vozes forem ouvidas e os agressores forem punidos, “ destacou a deputada.

Finalizando o debate, o deputado Bosco Costa enfatizou a importância de aprovar o projeto de lei. “Precisa acabar com essa vergonha. A Lei Maria da Penha acabou com a violência doméstica, mas precisamos também acabar com a violência contra a mulher no esporte”.