Audiência pública sobre os JEBs ressalta a importância da iniciação e desenvolvimento da prática esportiva nas escolas
Reila Maria/Câmara dos Deputados
Na mesa, o deputado Fábio Mitidieri com o secretário-executivo da Cespo, Lindberg Cury. No telão, Antônio Hora, presidente da CBDE
A volta dos Jogos Escolares Brasileiros, os JEBs, 17 anos após sua última edição, pautou a audiência pública da Comissão do Esporte da Câmara (Cespo) na tarde de terça-feira, 28/09. A reunião atendeu a requerimento do deputado federal Fábio Mitidieri (PSD-SE), terceiro vice-presidente do colegiado.
“Aqui na comissão nós trabalhamos pela valorização do esporte, não só a questão orçamentária que entendemos que é muito importante para o desenvolvimento do setor, mas pelo simbolismo que o desporto tem para o país na geração de emprego e renda, promoção da saúde e qualidade de vida, por exemplo. A iniciação da prática esportiva tem que ser na escola, é lá que o aluno aprende a se apaixonar pelo esporte e os valores, como a disciplina, que ajudam a formar grandes cidadãos que tornarão sua cidade, seu estado e o Brasil muito melhores”, garantiu o deputado Fábio Mitidieri.
O primeiro convidado a falar na audiência foi Antônio Hora Filho, presidente da Confederação Brasileira do Desporto Escolar (CBDE). Ele enfatizou a importância da iniciação da prática de diferentes modalidades nas unidades de ensino para reforçar a base do esporte nacional.
“O esporte é uma ferramenta de fortalecimento dos laços sociais. É fundamental envolver as nossas crianças e jovens em atividades saudáveis”, declarou Hora. A CBDE está à frente da proposta dos JEBs 2021, em parceria com a Secretaria Especial do Esporte - pasta incorporada ao Ministério da Cidadania -, que acontecem de 29 de outubro a 5 de novembro, no Rio de Janeiro, reunindo cerca de 7 mil estudantes atletas, das 27 unidades da federação, com idades entre 12 e 14 anos.
Depois de Hora foi a vez do secretário especial do Esporte, Marcelo Magalhães. Bastante emocionado, ele declarou que o desporto educacional é tudo em que acredita. Ele enfatizou que a prática de esportes não começa em clubes ou academias, e sim nas escolas.
“Precisamos inverter essa ‘pirâmide’ do desporto nacional, reforçando a base que está no sistema educacional, e pensar em políticas públicas nesse sentido”, disse Magalhães.
Fabíola Molina, secretária nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social, apresentou o plano de realização dos JEBs, e disse que será uma grande oportunidade de intercâmbio para estudantes de todo o país.
“É o esporte que vai propiciar a alunos do Acre e de outros estados a chance de se conhecerem e trocarem experiências”, destacou a secretária.
Embaixador dos JEBs, ídolo do vôlei nacional e atleta olímpico, Gilberto Godoy Filho, o Giba, afirmou que a prática esportiva nas escolas, independentemente da modalidade, influencia direta e positivamente na educação e desempenho dos alunos nessa fase da vida, e depois. Durante sua exposição, Giba mostrou a medalha de ouro que conquistou nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, mas complementou que não era aquela a mais importante de sua carreira no vôlei, e sim a obtida no Mundial Infanto-Juvenil de 1993, em Istambul, na Turquia.
“O esporte é sinônimo de saúde, inclusão e educação. Que esses JEBs sejam um divisor de águas no desporto brasileiro”, disse ele, que já participou dos jogos escolares e dos Jogos Universitários Brasileiros, os JUBs.
A atleta escolar de ginástica rítmica Sofia Luce Melo Carvalho declarou que os JEBs são uma forma de estimular os jovens a continuar no desporto, além de incentivar outros estudantes a conhecer e se interessar por diferentes modalidades.
“O esporte é muito importante na minha vida, não só para a saúde, porque ensina sobre determinação, respeito ao próximo, disciplina e responsabilidade, que são importantes para minha formação como cidadã”, disse a sergipana de 11 anos.
Hélcio Fernandes de Oliveira, diretor financeiro do Colégio Amorim, de São Paulo, contou que, duas décadas atrás, a unidade de ensino buscou no esporte a forma de estreitar o vínculo com os estudantes, oferecendo um diferencial por meio da prática de atividades esportivas.
“Começamos com o futsal, buscamos parcerias com clubes para podermos usar suas estruturas e trabalhar melhor com os alunos atletas. Além disso, investimos no envolvimento dos professores da parte pedagógica com nosso projeto desportivo porque consideramos fundamental que esses profissionais acolhessem o aluno atleta, mostrando que se importam com o sonho dele. E mesmo que esses estudantes não cheguem ao patamar do alto rendimento, o esporte é muito amplo e proporciona oportunidades de emprego em áreas como a fisioterapia e educação física”, explicou Hélcio Fernandes.
José Edmar Santiago Melo Júnior, secretário de Esportes do Acre e vice-presidente do Fórum Nacional de Secretários Estaduais de Esportes, disse que uma das demandas mais debatidas no fórum era a realização de um evento esportivo voltado ao público escolar.
“Se os JEBs não acontecessem causaria um prejuízo imenso aos estados, que se prepararam em suas seletivas, além de frustrar, principalmente, os alunos atletas já tão prejudicados nesse período da pandemia da Covid-19”, afirmou Santiago.
Jefferson Carvalho Neves, secretário adjunto de Esporte e Lazer do Mato Grosso Região Centro-Oeste, disse que não só seu estado, mas outros, consideram a participação dos alunos atletas em competições nacionais fundamental para o incentivo e revelação de talentos.
“Precisamos valorizar esses atletas, cuidar muito bem deles. Se eles tiverem boas experiências, vão se desenvolver. Sendo dada continuidade, não deixando faltar nada para esses atletas, as coisas vão acontecer”, declarou Jefferson.
Outro convidado da audiência pública sobre os JEBs foi José Reinaldo Cajado Azevedo, presidente da Federação Acreana de Desporto Escolar (Fade). Assim como o secretário Marcelo Magalhães, Cajado se emocionou durante sua exposição. Segundo ele, graças à realização dos jogos e o apoio do governo federal - via Secretaria Especial do Esporte - não só alunos atletas do Acre, bem como de outros estados do Norte do país, serão levados para competir em um evento nacional.
“É uma emoção muito grande fazer parte dessa retomada dos Jogos Escolares Brasileiros. Tenho certeza de que será um sucesso essa edição e quero ressaltar que a Região Norte do Brasil também possui condições para sediar eventos esportivos nacionais”, considerou Cajado.
A última exposição da reunião foi a de Miller Borvão Samório, treinador de atletismo e de futsal feminino na Escola Estadual Indígena Mbo'eroy Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul. Borvão disse que o esporte é fundamental para a revelação de talentos em sua aldeia, a Amambai, e contou um pouco sobre a trajetória do atleta Yuri Moreira, hoje com 16 anos, que é uma referência para crianças e jovens pela conquista, por exemplo, do ouro no Campeonato Brasileiro de Atletismo Sub-20, edição 2021.
“Nossa escolinha de atletismo está com 70 alunos, muitos inspirados nos feitos do Yuri. O esporte escolar é necessário para a inclusão, além de proporcionar aos atletas a oportunidade de viajar, trocar experiências e conhecer novas pessoas”, disse Borvão.
Sobre os JEBs: O objetivo, de acordo com o governo federal, é fomentar o desporto escolar, destacando a importância da prática esportiva nas unidades de ensino para a formação de alunos cidadãos mais conscientes. Na edição desse ano, serão 17 as modalidades disputadas, sendo 10 classificatórias para os Jogos Sul-Americanos Escolares. Os esportes incluem futsal, vôlei, basquete, handebol, judô, tênis de mesa, xadrez e atletismo adaptado.
Além dos JEBs, o Brasil vai receber, em 2022, o Sul-Americano Escolar, e em 2023, os Jogos Mundiais Escolares Sub-15.
Vídeo completo da audiência no link - cd.leg.br/cM6bVs
Por ascom Cespo - Patrícia Fahlbusch, DRT 051791