A Mulher no Futebol é tema de seminário na Comissão do Esporte

Parlamentares, estudiosos e representantes de atletas pediram mais apoio e reconhecimento à participação da mulher no futebol e também ao futebol e fustal feminino no País. O tema foi discutido durante o seminário "A Mulher no Futebol", promovido na terça-feira (10) pela Comissão do Esporte, atendendo aos requerimentos dos deputados Aliel Machado, Julio Cesar Ribeiro e Bosco Costa. O seminário foi dividido em quatro mesas temáticas: Desenvolvimento do Futebol Feminino, Futsal Feminino, Inclusão e Participação da Mulher e a Mulher Fora das Quatro Linhas.
12/12/2019 18h34

Reynaldo Lima/Arquivo CESPO

A Mulher no Futebol é tema de seminário na Comissão do Esporte

Mesa sobre inclusão e participação da mulher no futebol

Na abertura do Seminário, o presidente do colegiado, deputado Fábio Mitidieri (PSD-SE), criticou o baixo número de mulheres integrantes de comissões técnicas no Campeonato Brasileiro feminino da modalidade. "Só há 30% de mulheres nos clubes da primeira e segunda divisão. Na primeira divisão, com 16 times, só 3 deles têm treinadoras. Na segunda divisão, apenas 6 dos 36 times são treinados por mulheres", citou. "A seleção brasileira só teve treinadora por duas vezes, em todas as outras eram homens."

Mitidieri lembrou que até 1979 o futebol feminino era, por lei, proibido no Brasil, o que explica em parte a demora na profissionalização do esporte. "Tivemos diversas conquistas, principalmente na questão do preconceito e algumas barreiras que foram vencidas, mas outras ainda estão por se vencer", disse.

Desenvolvimento do futebol feminino

O coordenador de Seleções Femininas da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Aurélio Cunha, respondeu às críticas feitas à desigualdade entre homens e mulheres no esporte. "Sempre haverá o que se cobrar. Percebo uma ansiedade muito grande para que tudo seja resolvido no mesmo momento, mas não é possível a gente dar condições iguais às do futebol masculino, que tem mais de 100 anos de história", declarou.

"Todas as questões ditas aqui, como o preconceito e a falta de inclusão, são realidades. Costumo dizer que aprendi a tentar mudar o presente e o futuro, mas nunca fiz curso de mudar o passado", acrescentou Cunha. Em 2019, pela primeira vez, canais de televisão aberta transmitiram os jogos da Copa do Mundo Feminina. Os debatedores apontaram isso como um avanço para a modalidade. A seleção brasileira foi eliminada pela França nas oitavas de final.

Também fizeram parte desta mesa Kleiton Lima, da Secretaria Nacional de Futebol e Defesa do Torcedor; Luciano Cabral, presidente da Confederação Brasileira de Desporto Universitário (CBDU); e Luiz Carlos Delphino, da Confederação Brasileira de Desporto Escolar (CBDE).

Futsal feminino

Representante da Confederação Brasileira de Futsal (CBFS), Daniele Mendes defendeu mais investimentos dos clubes na formação de jogadoras. "A gente quer igualdade de oportunidades e equidade em relação a essa disparidade salarial, além de melhorias na estrutura", afirmou. Paulo Bulhões, presidente da Federação Brasiliense de Futsal (FEBRASA) e Nayeri Albuquerque, Diretora do Minas ICESP Brasília, fizeram parte desta mesa e expuseram as dificuldades enfrentadas pela federação e pelos clubes no Distrito Federal.

Inclusão e participação da mulher

A pesquisadora Aira Bonfim destacou que influências históricas e políticas reforçaram o estereótipo do futebol como uma modalidade apenas masculina. "Secretarias de Estado diziam que o corpo feminino precisava ser protegido para gerar filhos, não podendo ser exposto ao contato físico proporcionado pelo futebol", apontou. Najla Diniz, Diretora de Inclusão Social do Sport Club Internacional trouxe exemplos de como mudar a comunicação para ser mais inclusivo. “Em vez de falarmos torcedores ou torcedoras, optamos por falar torcida. Assim agradamos a todos”, destacou a dirigente. Representando a Secretaria Nacional de Futebol e Defesa do Torcedor, Alexandre Carvalho anunciou a parceria que será realizada entre o poder público e a CBF para utilizar o futebol feminino como ferramenta de inclusão social.

A mulher fora das quatro linhas

Representante do Club de Regatas Vasco da Gama, a gestora Flávia Seifert lembrou que há espaço para a mulher na administração do futebol onde ela pode competir de igual para igual com os homens. “Mulher não precisa ser psicóloga ou nutricionista no clube de futebol. Quando ela entender que basta se capacitar profissionalmente para exercer atividades específicas nesse mercado, teremos mais mulheres no meio”, destacou. Também participaram deste tema Giseli Amantino, presidente da Comissão Feminina do Superior Tribunal de Justiça Desportiva; Fernanda Colombo, escritora e ex-árbitra; e Bianca Machado, Assessora de Imprensa.

Com: Agência Câmara