Rebelião em presídio de Manaus termina com 17 feridos; presidente da CDHM quer apuração de violações de direitos humanos

No sábado (02), detentos da Unidade Prisional de Puraquequara, em Manaus, fizeram uma rebelião com agentes prisionais como reféns. As negociações pelo fim do movimento duraram cerca de cinco horas.
04/05/2020 11h15

Foto: Pedro Calvi

Rebelião em presídio  de Manaus termina com 17 feridos; presidente da CDHM quer apuração de violações de direitos humanos

Diligência da CDHM em presídios de Manaus, em 2019

 

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas, o objetivo da rebelião era organizar uma fuga através de um túnel. A polícia militar entrou e houve o confronto. Já a Pastoral enviou no final de março para Defensoria Pública do Amazonas e à Justiça do Estado um documento que apontava 300 presos doentes e diversas denúncias de violações de direitos de presos da Unidade Prisional do Puraquequara.

 

Ainda no sábado à noite, o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), Helder Salomão (PT/ES), solicitou para a procuradora-geral de Justiça do Estado, Leda Nascimento Albuquerque, a adoção de providências e a responsabilização dos culpados, se forem constatadas violações de direitos humanos e falta de atendimento adequado na área da saúde.

 

Documentos com o mesmo teor também foram enviados ao governador Wilson Miranda Lima, para o secretário de Segurança Pública, Louismar Bonates e Defensoria Pública.

 

No documento, Salomão ressalta que “a existência de facções criminosas, a superlotação carcerária (a maior do país), as condições insalubres a que são submetidos presos e visitantes, a altíssima proporção de prisões provisórias, a ausência de trabalho dentro das unidades, o despreparo dos funcionários, a provável prática de tortura, e agora, a proliferação do vírus Covid-19 são fatores que aumentam a pressão sobre a massa carcerária e favorecem a ocorrência de novos massacres”.

 

O sistema prisional do Amazonas tem um histórico de massacres. Em 2017, 67 presos foram mortos. Em 2019, 55, dos quais 6 na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), local do recente motim. Nas duas ocasiões a CDHM fez diligências e verificou as condições precárias em que vivem os presos, em aspectos como superlotação e insalubridade da alimentação e da higiene.

 

Na diligência feita em 2019, a CDHM recomendou às autoridades públicas uma série de medidas, como o acompanhamento da execução penal; fiscalizar a inexistência da prática de tortura e adoção de medidas de desencarceramento. No ofício deste sábado, o presidente da CDHM solicita informações sobre as providências adotadas relativas a essas recomendações. Leia aqui o relatório completo da diligência da CDHM a Manaus, em 2019.

 

Até o momento, segundo o governo amazonense, dois presos testaram positivo para o Covid-19. O Amazonas vive colapso na rede de saúde e tem mais de 6,6 mil casos confirmados de coronavírus, 548 mortes e 90% dos leitos de UTI ocupados.

 

Pedro Calvi / CDHM

Com informações do G1 Amazonas