Presidência da CDHM pede prioridade na apuração de mortes em caso envolvendo supermercado em Salvador

Segundo denúncia, dois homens negros teriam sido torturados por empregados de supermercado e entregues a traficantes. Os corpos foram encontrados no porta-malas de um carro na Comunidade da Polêmica, no bairro de Brotas, na capital baiana
10/05/2021 18h10

Foto: Reprodução

Presidência da CDHM pede prioridade na apuração de mortes em caso envolvendo supermercado em Salvador

Bruno e Yan em imagem divulgadas nas redes sociais antes de serem assassinados por traficantes.

O deputado e presidente da CDHM, Carlos Veras (PT/PE), solicitou, na última sexta-feira (07), ao Secretário de Segurança Pública da Bahia, Ricardo César Barreto, providências para apurar a agressão e as mortes no supermercado Atakarejo, em Salvador. Também foram encaminhados ofícios ao Procurador Geral de Justiça, à Defensoria Pública e ao Governador do Estado, pedindo prioridade nas medidas investigativas pertinentes e a consequente punição dos envolvidos.

A denúncia foi transmitida à CDHM pela deputada Erika Kokay, 2ª Vice-Presidente da Comissão, e trata dos homicídios de Yan Barros e Bruno Barros, tio e sobrinho, dois jovens negros que teriam sido, inicialmente, torturados por empregados do Supermercado Atakarejo e entregues a traficantes da Comunidade da Polêmica, no bairro de Brotas, onde foram encontrados mortos no porta-malas de um carro, no dia 26 de abril.

 De acordo com a denúncia, Elaine Costa Silva, mãe de Ian Barros Silva, relatou: “A gente estava correndo atrás do dinheiro. Um arranjou R$ 250, o outro, R$ 300. Mas eles não deram oportunidade de conseguir o restante e tiraram a chance de meu filho ser alguém na vida. Eu tive que pegar dinheiro emprestado pra pagar o enterro de meu filho. O enterro de Bruno foi os vizinhos aqui que fizeram doação para poder comprar o caixão.”.

O Atlas da Violência 2020 aponta que, entre 2008 e 2018, as taxas de homicídio de negros aumentaram em 11,5%, enquanto para os não negros houve uma diminuição de 12,9%.

 

Últimas informações

 

Na manhã de hoje (10), três seguranças da loja da rede de supermercados Atakarejo foram presos em Salvador, durante a operação que investiga as mortes. Segundo informações da polícia, o gerente se apresentou no início da tarde, e foi liberado após prestar esclarecimentos. Outras quatro pessoas também foram presas por suspeita de envolvimento no caso. A polícia cumpriu mandados de busca e apreensão no supermercado e em casas no complexo de bairros que formam o Nordeste de Amaralina.

Somente na última quinta-feira (6), o supermercado Atacadão Atakarejo informou que os seguranças envolvidos no caso foram afastados. Na sexta-feira (7), o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) pediu a prisão preventiva das pessoas envolvidas nas mortes de Bruno Barros e Yan Barros, mas não detalhou quantas pessoas podem estar envolvidas. O MP-BA também solicitou a prisão preventiva de funcionários da rede Atakarejo por terem contribuído com a morte do tio e sobrinho.

 

Fábia Pessoa/CDHM