Presidência da CDHM pede apuração sobre o assassinato de 4 indígenas bolivianos na fronteira com o Brasil
Os policiais alegaram que o grupo estaria armado, mas nenhum integrante do Gefron foi atingido e nenhuma droga foi apreendida.
A denúncia foi feita pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana do Estado de Mato Grosso (CEDPH-MT) e pelo Fórum de Direitos Humanos e da Terra de Mato Grosso (FDHT-MT.
De acordo com familiares, os indígenas Paulo Pedraza Chore, Ezequiel Pedraza Tosube, Yonas Pedraza Tosube e Arcindo Sumbre García estavam caçando e não tinham relação com o tráfico de drogas. O Gefron afirma que os policiais patrulhavam a zona rural e encontraram homens armados em uma região de mata. Pediram, então, que o grupo parasse, mas os suspeitos teriam reagido e atirado.
Durante uma diligência feita ao local pelos denunciantes, as famílias relataram sinais de tortura nos corpos das vítimas e marcas de muitos tiros em árvores.
“Há fortes indícios de uso desproporcional da força, emprego absurdo de armas de fogo contra os indígenas e tortura. As informações coletadas pela diligência também apontam que a chacina trouxe terror e desestabilização comunitária, além da fragilização das famílias que perderam seus arrimos”, destaca o presidente da CDHM, Helder Salomão (PT/ES).
No último dia 11, sexta-feira, Salomão pediu para Eliana Torelly de Carvalho, da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão da Procuradoria-Geral da República, a Francisco dos Santos Sobrinho, coordenador da 7ª Câmara de Controle Externo da Atividade Policial e Sistema Prisional do Ministério Público Federal e ao diretor-geral da Polícia Federal, Rolando de Souza, providências para investigar e elucidar os “gravíssimos fatos relatados, bem como apurar a responsabilidade pelas mortes”.
Reportagem do Jornal Folha de S.Paulo informa que a imprensa boliviana aborda o caso como homicídio e o Ministério Público boliviano apresentou queixa ao governo brasileiro contra o Gefron.
Os indígenas do povo Chiquitano vivem em território nos dois países, nos municípios de Cáceres, em Mato Grosso, e San Matías, no lado boliviano.
Pedro Calvi / CDHM