Por um 13 de Maio menos desigual
Começamos por repudiar os recentes casos de racismo praticados contra jogadores de futebol, que classificamos como mais uma violência praticada contra povos negros.
Apesar de a Constituição brasileira determinar que o racismo é um crime inafiançável e imprescritível, não existe registro de prisões por esse ato desumano. Parte dos casos acaba sendo apenados como “injúria racial” e enquadrados em penas leves.
Mais de um século se passou, mas apesar da liberdade, a vida dos negros brasileiros ainda encontra resistências. A seletividade policial parece escolher cor e condição social. Pesquisa recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgada no final de 2013, apontou que a cada três assassinatos no país, dois vitimam negros.
A mesma pesquisa apontou que a possibilidade de um adolescente negro ser assassinado é 3,7 vezes maior do que um jovem branco. A pesquisa apontou ainda que negros se constituem na maior parte das vítimas de violência policial.
A despeito das políticas públicas afirmativas que vem sendo implementadas no Brasil, a desigualdade entre brancos e negros ainda é forte no país também nas áreas de trabalho e de educação. De acordo com dados do Censo 2010, homens brancos recebem salários até duas vezes mais do que um negro e também estudam por mais tempo.
Números estes que mostram que o negro é discriminado duas vezes: pela condição social e pela cor da pele. Diante desse quadro amplamente desigual, está evidente que muito há que se fazer pela conquista e consolidação dos direitos fundamentais e da democracia.
A Lei Áurea foi editada em 13 de Maio de 1888, mas a realidade mostra que as condições impostas aos negros ainda remetem a grandes diferenças. Mais oportunidades de empregos e melhores salários são condições fundamentais para a redução dessas diferenças.
É preciso que todas as esferas e órgãos do Estado forneçam ao cidadão, independente de classe social, gênero ou raça, ampla estrutura de proteção contra atos de violência, assim como igualdade de oportunidades de acesso ao ensino e trabalho qualificados.
É preciso também que a sociedade, as empresas e os cidadãos façam todos sua parte para vencermos as desigualdades e valorizarmos a diversidade étnica do povo brasileiro.
Deputado Assis do Couto
Presidente da Comissão de Direitos Humanos