Os quatro anos do rompimento da barragem de Mariana: balanço das violações de direitos humanos
O Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) calcula que cerca de 2 milhões de pessoas foram atingidas, mas apenas 8.537 foram indenizadas por danos gerais e 254 mil indenizadas por desabastecimento de água.
Para fazer um balanço da situação atual em Mariana e região, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM) faz audiência pública no dia 6 de novembro, quarta-feira, às 14 horas, no plenário 9.
“É um direito humano fundamental o direito à saúde e à um meio ambiente saudável. E essas populações estão sendo destituídas de seu direito, pois há quase 4 anos, não têm um ambiente equilibrado e saudável, tampouco a saúde está protegida”, explica Patrus Ananias (PT/MG), que solicitou a realização do debate.
Lama, destruição e falta de trabalho
O rompimento da barragem liberou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração. A lama atingiu diversos córregos e cursos d’água que formam os rios Gualaxo do Norte e rio do Carmo, alcançando e arrasando completamente estes dois rios, que são importantes afluentes do Rio Doce.
Exames recentes feitos pelas Universidade de São Paulo apontaram efeitos dos metais no organismo. Foram pesquisados 10 componentes: alumínio, arsênio, bário, cádmio, chumbo, cobalto, manganês, mercúrio, níquel e selênio. Entre esses, arsênio, níquel e manganês foram os que apresentaram alterações em algumas pessoas.
O desastre trouxe grande impacto também sobre as economias locais. Agricultores, pescadores, artesãos, comerciantes, empreendedores turísticos, marisqueiras, catadores de caranguejos e atletas, que tinham atividades direta ou indiretamente relacionadas à água, estão com seus negócios em colapso. O desemprego e a queda de renda são uma realidade.
Outro problema é que nem todos são reconhecidos pela Samarco como atingidos pelo desastre ambiental. Há controvérsia na análise dos casos. Além disso, também preocupa o não cumprimento, até agora, da totalidade da primeira fase do programa, que são as indenizações. Até hoje, a maior parte deles não recebeu qualquer indenização pelos prejuízos e estão precisando migrar para outras áreas para conseguirem sobreviver.
Diligência
No início de outubro a CDHM fez uma diligência às cidades atingidas pelo desastre no Espírito Santo. "Nós fomos ouvir e conhecer as histórias das vítimas, para poder fiscalizar e cobrar os órgãos competentes. Sem luta a gente não conquista, e as lutas precisam de apoio”, afiram o presidente da Comissão, Helder Salomão (PT/ES).
Audiência pública
Devem participar do debate do dia 6 de novembro, representantes Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão; Coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens; Sindicato dos Pescadores profissionais, artesanais, aquicultores , marisqueiros, criadores de peixes e atividades afins na área da pesca dos municípios do Espírito Santo (Sindipesmes) e trabalhadores atingidos pelo crime ambiental.
Pedro Calvi / CDHM