Nota de repúdio - Redenção: a quem serve?
Em 21 de Maio de 2017, deu-se início a uma força-tarefa conjunta entre as gestões da municipalidade e do Estado,
com o intuito propalado de dar fim ao tráfico de drogas na região em questão, e por fim à denominada cracolândia.
Durante tal ação que iniciou por volta das 06h30min da manhã, há indícios e relatos de utilização de bombas de
efeito moral, cassetetes e armas de fogo contra as pessoas que ocupavam o território pelos agentes da Polícia Civil
e Militar do Estado de São Paulo e pela Guarda Civil Metropolitana do Município. Usuários de drogas foram levados
sob acusação de traficantes. Pessoas foram expulsas do local que entendiam como casa, sem direito a recolher seus
documentos e poucos pertences. Uma ação que se configurou como perseguição aos que sempre foram invisibilizados,
deixando claro que esta ação se destina a eliminá-los.
Cabe ressaltar que as ações violentas continuam acontecendo sendo que no dia 22 e 23 de maio as pessoas que
habitam a região são impedidas de ocuparem espaços públicos, não têm pra onde ir e em qualquer lugar que se
juntem a polícia realiza dispersões com uso de muita violência.
Essa ações são a reprise de uma estratégia que já assistimos (Operação Sufoco/Dor e Sofrimento, 2012, gestão
Kassab) de higienização social, abertura de caminhos para os empreendimentos imobiliários que há anos são o ideal
preconizado pelas incorporadoras e seguradoras que arremataram muitos terrenos na região da Luz a preços módicos,
aproveitando-se da desvalorização que a existência do fluxo de pessoas associadas ao uso de drogas na região, fluxo
que enquanto foi conveniente permitiu-se que se estabelecesse e crescesse.
Nós, trabalhadores do De Braços Abertos, reiteramos nossa posição: nos opomos a toda e qualquer ação que viole
os direitos das pessoas que habitam e circulam na região da chamada cracolândia, que não os tome em
consideração para a tomada de decisão do que será seu próprio destino, que privilegie o potencial de
rentabilidade da região, em detrimento da vida
Trabalhadores e Trabalhadoras do Programa São Paulo De Braços Abertos