Lideranças indígenas denunciam perseguição por fazendeiros no Mato Grosso do Sul
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Lideranças indígenas denunciam perseguição por fazendeiros no Mato Grosso do Sul
Os índios da etnia Guarani-Kaiowás que vivem no extremo sul do
estado do Mato Grosso do Sul têm sido perseguidos por fazendeiros e
posseiros da região e ainda enfrentam a omissão da polícia e das
autoridades do estado.
A denúncia foi feita por lideranças indígenas em reunião com integrantes da Comissão de Direitos Humanos.
Os
índios vieram pedir o apoio dos deputados para a investigação do
desaparecimento de dois professores da etnia no último dia 30 de
outubro.
Olindo e Genivaldo Verá não são vistos desde que a
aldeia Pirajuí em que viviam, no município de Paranhos, na fronteira
com o Paraguai, foi invadida por um grupo de pistoleiros.
Segundo
Anastácio Peralta, que é da mesma comunidade dos desaparecidos, a maior
parte das lideranças indígenas e dos funcionários da Funai na região já
foi ameaçada.
"Na verdade lá na nossa região parceiros dos
indígenas guarani-kayowás são tudo perseguido (sic) tanto por
pistoleiro, quanto pelos políticos que tem na região".
Ainda de acordo com Anastácio Peralta, a situação é agravada pela parcialidade da polícia do Mato Grosso do Sul.
"A
polícia tem uma dificuldade de entender direito indígena. A polícia é
comandada pela política dos grandes latifundiários, dos grandes
fazendeiros. Não tem justiça na nossa região. Tem justiça para um lado,
para oprimir os povos indígenas, não para defender nossos direitos".
As denúncias foram confirmadas pela deputada Iriny Lopes, do PT do Espírito Santos, que esteve no Mato Grosso do Sul.
Ela
informou que os problemas entre fazendeiros e indígenas são frequentes
no estado. Só que os nativos vão sempre para a cadeia, enquanto os
brancos quase nunca vão.
Para o assessor jurídico do Conselho
Indigenista Missionário, Paulo Guimarães, a situação só vai ser
resolvida quando forem demarcadas as terras dos guarani-kaiowás no
estado.
O problema é que os funcionários responsáveis pela demarcação não conseguem terminar o trabalho.
"Muitos
grupos de trabalho já têm as informações necessárias à conclusão. Mas é
necessário complementar entrando em algumas propriedades e é exatamente
essas propriedades que os fazendeiros e a Federação da Agricultura se
fecharam, dizendo assim, ´aqui não entra´ e se não entram, obstrui a
conclusão do trabalho".
O deputado Pedro Wilson, do PT de
Goiás, lembra que os guarani-kaiowás são hoje a etnia que mais sofre no
país e o Estado tem obrigação de dar proteção, apurar os crimes e
finalmente demarcar as terras.
"Pela Constituição de 88, já
deveríamos ter demarcado essas terras há muito tempo e elas tem gerado
assassinatos, tem a questão das crianças subnutridas, tem a questão de
suicídio, tem a questão do uso de álcool, então há uma realidade
dramática e nós pedimos uma audiência com o ministro da Justiça para
uma atuação também da Polícia Federal, do Incra, da Funai, no sentido
da demarcação e de segurança".
A Comissão de Direitos Humanos
vai tentar agendar uma reunião dos indígenas com o Ministério da
Justiça para a próxima semana, provavelmente na quarta-feira.
De Brasília, Juliano Pires.
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
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