Falta de oxigênio causa 19 mortes em uma só noite em Manaus. Presidentes da CDHM e do CNDH cobram providências
“Cenário de terror” foi o termo usado pelo Presidente do Sindicato de Médicos do Amazonas para relatar o que tem acontecido em pelo menos 5 hospitais da capital amazonense. Segundo Mario Rubens Macedo Vianna, foram confirmadas 19 mortes entre a noite de ontem (13/1) e a manhã desta quinta (14) diretamente relacionadas à falta de oxigênio, mas esse número pode chegar a 40.
Denúncias recebidas pela Presidência da CDHM dão conta de mais duas unidades de saúde com o mesmo problema. Ao todo, 7 hospitais enfrentam essa tragédia: Hospital Universitário Getúlio Vargas; Policlínica Dr. José Lins; Unidade Danilo Correia; Hospital Platão de Araújo; Hospital 28 de Agosto; Hospital do Instituto de Medicina Tropical de Manaus e Serviço de Pronto Atendimento São Raimundo.
Neila Gomes dos Santos, Coordenadora do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, relata que a situação é caótica e os familiares assistem impotentes à falta de vagas em UTI e de oxigênio para os pacientes com baixa saturação.
De acordo com matéria do G1, médicos e familiares de pacientes percorrem a cidade de carro ou a pé, procurando desesperadamente cilindros de oxigênio para alugar.
“Os pacientes que conseguirem sobreviver, além de tudo, devem ficar com sequelas cerebrais permanentes" destaca o pesquisador Jesem Orellana, da Fiocruz-Amazônia à reportagem da Folha de São Paulo.
198 enterros e 250 internações em um só dia
Informações da Prefeitura de Manaus dão conta que nesta última quarta-feira (13), foram registrados 198 enterros em um único dia, o maior número já registrado desde o início da pandemia. Nesta semana, o número de internações chegou a um pico diário de 250, quase o dobro do registrado no ápice da epidemia entre abril e maio de 2020.
Em ofício conjunto dos Presidentes da Comissão de Direitos Humanos e Minorias e do Conselho Nacional de Direitos Humanos, Helder Salomão e Yuri Costa cobraram do Ministro da Saúde e do Governador do Amazonas medidas urgentes para aquisição de mais cilindros de oxigênio e para abertura de mais vagas de UTI.
“A falta de oxigênio é cruel e desumana e reflete falta de planejamento das autoridades estaduais e federais, além de ferir profundamente os direitos fundamentais à vida, à saúde e à dignidade humana, dos pacientes, dos familiares e dos profissionais de saúde.”, ressalta Salomão.
Mariana Trindade / CDHM