Fake news e violações de direitos humanos nas redes

07/07/2022 14h05
Frances Haugen, responsável pelos "Facebook papers", está no Brasil e abordou, em reunião, a relevância dos investimentos em ferramentas de transparência das plataformas digitais

Eduardo Vergara

Fake news e violações de direitos humanos nas redes

O Deputado Orlando Silva (PC do B/SP), Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, recebeu ontem (06/07) a cientista de dados norte-americana Frances Haugen, ex-funcionária da Meta, empresa detentora do Facebook e Instagram.

Haugen foi responsável pela liberação de centenas de documentos que expuseram o funcionamento de seus algoritmos, suscitando críticas pelo mundo no que ficou conhecido como “Facebook Papers”.

No encontro, a cientista ressaltou que as ferramentas para transparência, combate à desinformação e combate a violações de direitos humanos nas redes são ineficientes em português e espanhol; menos eficazes, por exemplo, do que em inglês ou alemão, em que os países falantes desses idiomas apresentam forte pressão regulatória sobre as big techs.

Por isso, ressaltou, seria fundamental uma articulação Regional na América Latina pela transparência das plataformas sociais.

Para Frances, a proteção à língua é proteção aos direitos dos brasileiros e de sua diversidade cultural, e as plataformas devem informar quanto investem em tecnologias protetoras da democracia em cada país e idioma.

Frances ainda deu opiniões sobre projeto de combate às Fake News. Ela valorizou o relatório ao PL 2630/2020 e considerou como relevantes os aspectos sobre os deveres de transparência das plataformas digitais.

Frances eixou claro não ser contrária às mídias sociais: “elas são transformadoras porque elas dão às pessoas a possibilidade de falar. O ponto passa pela responsabilização delas”.

 

Audiência pública

Nesta semana as Comissões de Ciência e Tecnologia e de Legislação Participativa realizaram audiência pública com a participação de Haugen. A deputada Talíria Petrone (Psol-RJ), que propôs a realização da audiência, lembrou que, em 2018, um grande escândalo colocou o Facebook no centro das atenções mundiais. "As informações de mais de 50 milhões de pessoas foram utilizadas sem o consentimento delas pela empresa britânica Cambridge Analytica para fazer propaganda política. A empresa teria usado esses dados para criar um sistema que permitiu predizer e influenciar as escolhas dos eleitores nas urnas", disse a deputada.