Fonte: Jornal da Câmara

O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, deputado Luiz Couto (PT-PB), disse ontem que vai sugerir ao próximo presidente do colegiado, a ser eleito na semana que vem, a realização de audiência para discutir a morte do operário Gilberto Toledo Pires de Almeida e a segurança do trabalho no País. O operário morreu há um ano, após explosão do forno da aciaria da siderúrgica Gerdau localizada em Simões Filho (BA). A decisão foi tomada em reunião com familiares do operário realizada ontem. Por sugestão do deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), deverão ser convidados para a nova audiência representantes do Ministério do Trabalho e do Ministério Público da Bahia. Os deputados querem saber da procuradora que cuida do caso, Grace Campelo, se as diligências solicitadas por ela já foram realizadas e por que a Gerdau ainda não foi denunciada, uma vez que o inquérito policial concluiu pela responsabilidade da empresa no acidente.

Deverão ser convidados também representantes da Gerdau para que eles informem as providências tomadas pela empresa para aumentar a segurança na usina.

Inquérito

O pai do operário, Gilberto Toledo Garcia de Almeida, informou aos participantes do encontro que o inquérito policial do acidente foi concluído em 11 de maio de 2007, “após muita luta”. Segundo ele, todos os outros processos contra a Gerdau por acidente do trabalho foram engavetados.

O deputado Luiz Couto lembrou que o processo de Gilberto Pires de Almeida só teve andamento depois que o pai do empregado recorreu ao governador da Bahia, Jacques Wagner. O governador solicitou, então, a substituição do primeiro delegado que cuidou do caso.

Gilberto Garcia de Almeida disse ainda que seu filho foi a quarta vítima fatal de acidentes na mesma usina. Apenas dez dias após a explosão que vitimou o filho, houve outro acidente no mesmo forno, mas sem mortos.

De acordo com o pai do trabalhador, o forno da usina é da década de 70, está corroído e não recebia manutenção adequada. “Não consigo entender como a Gerdau é a segunda colocada em doações para a última campanha eleitoral, elegeu 1/3 dos deputados federais do Rio Grande do Sul e não libera recursos para a manutenção de seus equipamentos”, afirmou.

Delegacia do Trabalho

Gilberto Garcia de Almeida também questionou a atuação da Delegacia Regional do Trabalho. Segundo ele, os fiscais do órgão só compareceram ao local seis dias após o acidente, ocorrido em uma quarta-feira de cinzas. Segundo ele, há problemas também no atestado de óbito do filho. Não constaria do documento a causa da morte como sendo acidente do trabalho.

Também participaram da reunião de ontem os deputados Walter Pinheiro (PT-BA), Veloso (PMDB-BA) e Pedro Wilson (PT-GO).