A sociedade brasileira tem recebido com espanto os numerosos episódios de violência. São linchamentos, chacinas de jovens em periferias, inocentes alcançados por confrontos entre forças de segurança e marginais, o alastramento da tragédia do crack para o interior do país. Os casos chocantes se sucedem no noticiário e nas redes sociais, como se fossem capítulos de uma novela de terror que banaliza a vida e revela uma face nada cordial do povo brasileiro.

Essa violência foge aos padrões para os quais os serviços de segurança pública estão preparados. As políticas públicas se mostram insuficientes para lidar com a natureza e a dimensão do fenômeno. Parece clara a necessidade de o Estado e a própria sociedade reinventar estratégias de atuação, buscando chegar às causas da violência. A sociedade civil brasileira, com uma história de vitalidade e conquistas, não está reagindo com as fortes mobilizações de outros momentos, a despeito de iniciativas meritórias de alcance limitado.

Nesta carência de respostas qualificadas, as mídias sociais têm sido apontadas como instrumentos mobilizadores de segmentos diversos, desprovidos dos padrões de legitimação clássicos e sem os limites éticos da comunicação social. Informação e boato se confundem. A propagação do boato que levou ao “justiçamento” de Fabiane Maria de Jesus, no Guarujá-SP, foi uma evidência trágica dessa nova realidade. Por sua vez, a mídia comercial, com a repetição exaustiva dos programas “policiais”, contribui na opinião de muitos especialistas para justificar a violência policial e reforçar estereótipos criminais aos jovens e negros.

O evento se insere no eixo temático da CDHM “Diversidade e combate ao preconceito, à violência e à intolerância”, e atende aos Requerimentos: 60/2014, Deputado Jean Wyllys; 87/2014, Deputados Renato Simões, Francisco Chagas, Manuela D’Ávila; 98/2014, Deputada Érika Kokay.  

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