Democratização X Concentração na Convergência Tecnológica

Fonte: Mídia do Partido dos Trabalhadores


Durante a realização da mesa de debates com o tema “Conjuntura internacional das comunicações” no Encontro Nacional De Comunicação - Na luta por Democracia e Direitos Humanos, que acontece na Câmara dos Deputados, foram feitas abordagens acerca do panorama das principais tendências dos processos midiáticos em âmbito global, especialmente da convergência tecnológica e os impactos dessas
mudanças no Brasil.



Gustavo Gindre, membro do Comitê Gestor da Internet no Brasil, coordenador do Núcleo de Pesquisa, Educação e Formação da Rede de Informações para o 3º Setor (RITS) e integrante do coletivo Intervozes, colocou em sua exposição uma importante contradição dentro do enfoque do cenário internacional da convergência digital e das novas mídias em torno da democratização dos meios de comunicação.



Segundo Gindre, a movimentação do capital, a mercantilização do conhecimento e a convergência tecnológica que compõem o novo cenário comunicacional poderão levar a uma democratização do setor de comunicações, mas também poderão provocar uma maior concentração de capital, diante da tendência globalizante que domina o cenário internacional.



O pesquisador apresentou diversos elementos que comprovam a afirmação, entre eles a financeirização do sistema, onde predomina o capitalismo sem rosto, dominado por fundos de investimentos e grandes bancos, onde não se pode detectar os donos dessas corporações. Esses, segundo sua análise, seriam os agentes da concentração do capital nesta nova fase tecnológica que surge no âmbito das comunicações.



Gindre colocou em sua abordagem alguns paradoxos importantes para o debate: a democratização X concentração e o acesso X exclusão. De acordo com dados apresentados por ele, na Ásia apenas 18% da população do continente tem acesso direto em fibra ótica, enquanto dois bilhões de pessoas não possuem sequer telefone.



Por outro lado, informa ele, mais de 90% dos CD´s fabricados no mundo pertencem a apenas quatro empresas; em cidades como Bombaim (Índia) foi construída uma similar a Hollywwod, a Nollywood, mas hoje a Nigéria é o país onde mais se produz cinema no mundo e que não possui uma sala de exibição sequer.



Após apresentar as contradições que envolvem a convergência tecnológica e os paradoxos da tendência globalizante das comunicações, Gindre chamou a atenção para este embate que deverá ser travado em fóruns internacionais como a União Européia, a Organização Mundial do Comércio, a Unesco e o Fórum de Governança da Internet (IGF em inglês), cuja próxima reunião acontecerá em novembro de 2007, no Rio de Janeiro, quando haverá um grande debate em torno do gerenciamento sobre a grande concentração de poder da rede.