Comissão de Direitos Humanos ouve a mãe do menino Marcus Vinícius, assassinado no Complexo da Maré
Marcus saía da escola no momento em que a Polícia Civil fazia uma operação para cumprir 23 mandados de prisão. O menino foi atingido por um tiro nas costas. Outras seis pessoas foram mortas e duas crianças ficaram feridas. Segundo a ONG Rio de Paz, ao menos 50 crianças de até 14 anos foram mortas por balas perdidas no estado desde 2007. Só neste ano foram oito.
A blusa do uniforme escolar que Marcus usava naquele dia, manchada de sangue, é agora o símbolo da luta de Bruna por justiça. Ela tem 36 anos e é casada com o pedreiro Gérson da Silva, de 37 anos. Marcus Vinícius era o filho mais velho. A irmã dele, Maria Vitória, tem 12 anos e continua estudando na mesma escola no Complexo da Maré, o Ciep Operário Vicente Mariano.
Testemunhas afirmaram aos meios de comunicação que um carro blindado da polícia, conhecido como “Caveirão”, teria disparado contra o adolescente. Segundo o advogado da família de Marcus, deve haver uma ação indenizatória contra o estado do Rio de Janeiro.
Mais de 100 policiais, com o apoio de forças do Exército e da Polícia Judiciária Nacional, teriam participado da ação. O objetivo seria o combate ao tráfico de drogas na região e encontrar possíveis suspeitos pela morte do inspetor chefe da Delegacia de Combate às Drogas , de Acari, Ellery de Ramos Lemos.
“ A Comissão de Direitos Humanos Minorias tem a missão de receber, avaliar e investigar denúncias relativas a ameaça ou violação de direitos humanos. A Organização Não Governamental Redes da Maré contou mais de cem marcas de disparos no chão do conjunto de favelas após a operação da Polícia Civil. Esses disparos teriam sido feitos por um helicóptero utilizado durante a operação”, afirma a deputada Luiza Erundina (PSOL/SP) que, junto com o deputado Chico Alencar (PSOL/RJ), pediu a realização da audiência pública
A Polícia Civil abriu inquérito para apurar as circunstâncias da morte do estudante Marcus Vinicius. Na semana passada, uma testemunha foi ouvida. A intervenção militar no Rio de Janeiro já dura 4 meses.
A intervenção militar
No dia 16 de fevereiro de 2018 o governo federal decretou uma intervenção na área de segurança pública no estado. A intervenção foi aprovada pelo Congresso Nacional quatro dias depois. O general do Exército, Walter Souza Braga Netto, assumiu o comando também das polícias estaduais, Corpo de Bombeiros e da Secretaria de Administração Penitenciária. A previsão é que a ação dure até 31 de dezembro deste ano.
Números da violência sob a intervenção
Só em junho, mês do assassinato de Marcus Vinícius, o laboratório de dados Fogo Cruzado registrou 834 tiroteios/disparos de arma de fogo na região metropolitana do Rio de Janeiro. No mesmo período e região, o levantamento aponta 125 mortos e 84 feridos.
O Fogo Cruzado é uma plataforma digital que coleta, através de um aplicativo, a incidência de tiroteios e casos de violência na região metropolitana do Rio de Janeiro.
A audiência pública vai ser transmitida ao vivo pelo Facebook e Youtube da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, e também pelos canais oficiais da TV Câmara.
CDHM