Comissão de Direitos Humanos ouve a mãe do menino Marcus Vinícius, assassinado no Complexo da Maré

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), presidida pelo deputado Luiz Couto (PT/PB), aprovou a realização de oitiva para ouvir Bruna da Silva mãe de Marcus Vinícius, de 14 anos, assassinado no Complexo da Maré no dia 20 de junho. Bruna vai participar de uma audiência pública da Comissão na próxima quarta-feira (11), às 16h, no plenário 9 da Câmara, em Brasília.
09/07/2018 10h45

Marcus saía da escola no momento em que a Polícia Civil fazia uma operação para cumprir 23 mandados de prisão. O menino foi atingido por um tiro nas costas. Outras seis pessoas foram mortas e duas crianças ficaram feridas. Segundo a ONG Rio de Paz, ao menos 50 crianças de até 14 anos foram mortas por balas perdidas no estado desde 2007. Só neste ano foram oito. 

A blusa do uniforme escolar que Marcus usava naquele dia, manchada de sangue, é agora o símbolo da luta de Bruna por justiça. Ela tem 36 anos e é casada com o pedreiro Gérson da Silva, de 37 anos. Marcus Vinícius era o filho mais velho. A irmã dele, Maria Vitória, tem 12 anos e continua estudando na mesma escola no Complexo da Maré, o Ciep Operário Vicente Mariano. 

Testemunhas afirmaram aos meios de comunicação que um carro blindado da polícia, conhecido como “Caveirão”, teria disparado contra o adolescente. Segundo o advogado da família de Marcus, deve haver uma ação indenizatória contra o estado do Rio de Janeiro.

Mais de 100 policiais, com o apoio de forças do Exército e da Polícia Judiciária Nacional, teriam participado da ação. O objetivo seria o combate ao tráfico de drogas na região e encontrar possíveis suspeitos pela morte do inspetor chefe da Delegacia de Combate às Drogas , de Acari, Ellery de  Ramos Lemos.

“ A Comissão de Direitos Humanos Minorias tem a missão de receber, avaliar e investigar denúncias relativas a ameaça ou violação de direitos humanos. A Organização Não Governamental Redes da Maré contou mais de cem marcas de disparos no chão do conjunto de favelas após a operação da Polícia Civil. Esses disparos teriam sido feitos por um helicóptero utilizado durante a operação”, afirma a deputada Luiza Erundina (PSOL/SP) que, junto com o deputado Chico Alencar (PSOL/RJ), pediu a realização da audiência pública

A Polícia Civil abriu inquérito para apurar as circunstâncias da morte do estudante Marcus Vinicius. Na semana passada, uma testemunha foi ouvida. A intervenção militar no Rio de Janeiro já dura 4 meses. 

A intervenção militar

No dia 16 de fevereiro de 2018 o governo federal decretou uma intervenção na área de segurança pública no estado. A intervenção foi aprovada pelo Congresso Nacional quatro dias depois. O general do Exército, Walter Souza Braga Netto, assumiu o comando também das polícias estaduais, Corpo de Bombeiros e da Secretaria de Administração Penitenciária. A previsão é que a ação dure até 31 de dezembro deste ano.

Números da violência sob a intervenção

Só em junho, mês do assassinato de Marcus Vinícius, o laboratório de dados Fogo Cruzado registrou 834 tiroteios/disparos de arma de fogo na região metropolitana do Rio de Janeiro. No mesmo período e região, o levantamento aponta 125 mortos e 84 feridos.

O Fogo Cruzado é uma plataforma digital que coleta, através de um aplicativo, a incidência de tiroteios e casos de violência na região metropolitana do Rio de Janeiro.

A audiência pública vai ser transmitida ao vivo pelo Facebook e Youtube da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, e também pelos canais oficiais da TV Câmara.

CDHM