CDHM solicita apuração e providências sobre indígena assassinado no Paraná
Virgínio e os outros três indígenas são das aldeias Itamarã e Añepepe. São terras compradas pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e pela Itaipu Binacional para receber as comunidades desalojadas pela construção da usina hidrelétrica.
Mais indígenas das duas aldeias, além dos quatro, passaram o dia na Vila Ponte Nova para um campeonato de futebol. Porém, quando todos iam embora para a aldeia, teria havido uma emboscada feita por quatro não indígenas na estrada. O grupo foi atacado com facas e espingardas. Virgínio levou uma facada nas costas e morreu. Everton foi atingido com uma pedrada na cabeça, teve alta, mas segue reclamando de dores e mal-estar. O Samu foi acionado, mas segundo os indígenas demorou cerca de uma hora e meia para chegar ao local. “Isso envolve ódio, desrespeito contra a nossa gente”, afirmou uma liderança Avá-Guarani.
A missionária Osmarina Oliveira do Cimi Regional Sul denuncia que “os indígenas estão apavorados porque eles trabalham fora, em frigoríficos locais. Estudantes que chegam já na madrugada, em Diamante, e ficam expostos. Analisamos como um caso de genocídio. Ela diz que os Avá-Guarani seguiram recebendo ameaças após o assassinato de Virgínio e que mensagens em redes sociais e ligações aos familiares nas aldeias se tornaram comuns.
Nesta quarta-feira (18), o Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM) solicitou providências ao procurador-geral de Justiça do Paraná, Ivone Sfoggia, ao secretário de Estado da Segurança Pública, coronel Romulo Marinho Soares e ao subprocurador-geral da República Antônio Carlos Bigonha, Coordenador da 6ª Câmara / Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais.
A Comissão pede providências para a investigação e elucidação dos crimes, apuração da responsabilidade pela demora no atendimento ao grupo de indígenas pelo Samu, e reitera a solicitação de medidas de segurança e proteção aos Avá-Guarani.
“Estamos muito preocupados com o histórico de intensos conflitos nessa região do Paraná , queremos urgência nas providência que forem adotadas e vamos acompanhar o caso. Não podemos tolerar que o Estado patrocine ações de violência e ódio contra os brasileiros, de qualquer população que seja”, ressalta o presidente da CDHM, Helder Salomão (PT/ES).
Pedro Calvi / CDHM
Com informações do Conselho Indigenista Missionário