CDHM realiza audiência sobre estupro nesta quinta-feira (9)

No momento em que o País é mais uma vez confrontado com um caso bárbaro de violência contra a mulher – o estupro coletivo de uma adolescente no Rio de Janeiro – a Comissão de Direitos Humanos realiza, nesta quinta-feira (9), audiência pública para debater o tema. A deputada Érika Kokay (PT-DF), autora do pedido de realização do debate, ressalta que houve aumento dos casos de estupros nos últimos anos, inclusive nas instituições de ensino superior.
07/06/2016 11h55

Conforme destaca a deputada, estimavas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam que a cada 10 minutos uma mulher é estuprada no Brasil. Registrados, foram 50.320 estupros em 2013. Mas os agentes de segurança acreditam que esse número corresponda a apenas 35% do total. As ocorrências reais chegariam a 143 mil.

E não surpreende esse alto índice de subnotificação, uma vez que a denúncia muitas vezes gera questionamentos sobre a própria vítima, mais que sobre o agressor. Basta lembrar que no caso do estupro coletivo da adolescente carioca a primeira pergunta do delegado foi porque ela estava naquele local. E mesmo com o vídeo que a mostra inconsciente, esse mesmo delegado declarou não ter certeza de que se tratava de abuso.

Uma das participantes da reunião, a fundadora do grupo Vítimas Unidas, Vana Lopes, ressalta que o maior problema ao se lidar com estupros está justamente em não acreditar na vítima. Como exemplo, ela cita o crime ocorrido no Rio. “Agora ela [a adolescente] está sendo vítima de uma violência moral”, afirma.

Vana foi uma das 58 mulheres violentadas pelo médico Roger Abdelmassih e criou o Vítimas Unidas, incialmente, para lutar por justiça contra o agressor. Atualmente, segundo afirma, o trabalho estende-se a mulheres que passaram pelo mesmo problema em todo o País.

Debatedores

Além de Vana Lopes, participam da audiência:

- a presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral;

- a integrante do Colegiado de Gestão do Centro Feminista de Estudos e Assessoria, Joluzia Andreia Dantas Vieira Batista;

- a representante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Olaya Hanashiro;

- a professora da Universidade Federal de São Paulo e ex-Ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci;

-  o promotor do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro responsável por caso recente de estupro coletivo, Márcio José Nobre de Almeida;

- a representante do Movimento Marcha das Mulheres Negras, Clátia Vieira ; e

- a ativista da Articulação de Mulheres Brasileiras, Rogéria Peixinho.

 A audiência ocorre às 10 horas, em auditório a confirmar.