CDHM contribuirá com investigações sobre mortos e desaparecidos políticos
A “Vala de Perus”, como ficou conhecida, foi descoberta no final da década de 70 por movimentos sociais e parentes de vítimas do regime militar. Mas só na década de 90 a então prefeita de São Paulo, hoje deputada federal, Luísa Erundina, determinou a abertura da vala e a descoberta de 1.049 ossadas ainda não identificadas.
Participaram da assinatura do protocolo, a ministra da SDH, Maria do Rosário, a ministra da Secretaria da Mulher, Eleonora Menicucci, o presidente da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, Marco Antônio Barbosa, a reitora da Unifesp, Soraya Smaili, e Rogério Sutille, da Secretaria de Direitos Humanos do Estado de São Paulo.
As ministras Maria do Rosário e Eleonora elogiaram a coragem da deputada Luísa Erundina para abrir a vala clandestina. “Há esperança de vermos concluído o trabalho iniciado na época do governo da Erundina em São Paulo”, disse a ministra Eleonora. Já a ministra Maria do Rosário acrescentou: “Eu reconheço na ministra Eleonora, na deputada Janete Capiberibe, na Luísa Erundina e em todos aqueles que resistiram às torturas, às violências, e hoje lutam para trazer as verdades de um período para as novas gerações”.
A deputada Luísa Erundina destacou a importância da resistência democrática em uma sociedade que, segundo ela, ainda não se emancipou do desrespeito aos direitos humanos. “Há fases em que não se constrói; se resiste. E essa resistência democrática precisa ser reconhecida. E a sociedade precisa manifestar a sua gratidão por aqueles que se destacam pela coragem de resistir, de teimar, até que se consiga de forma plena a realização dos direitos de todos os brasileiros e brasileiras”, afirmou.
De acordo com o protocolo, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias terá a função de fiscalizar e acompanhar programas governamentais relativos aos direitos humanos. Além disso, também é função da CDHM colaborar com entidades não governamentais, nacionais e internacionais que atuam na defesa dos direitos humanos.
Para o presidente da CDHM, deputado Assis do Couto, o protocolo de intenções terá vida longa e poderá trazer à luz não apenas a identificação dos mortos da Vala de Perus, mas também tantos outros mortos e desaparecidos políticos do Brasil. “A Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos também investiga uma chacina, ocorrida na época da ditadura, na minha região: entre o Oeste e o Sudoeste do Paraná. Nós estivemos lá há poucos dias atrás e também queremos concluir este processo. Estas buscas são tarefas tão difíceis que depende de muitas parcerias. E aqui nós encontramos estas parcerias: no poder executivo, nas universidades e no parlamento”, afirmou o deputado.