CDHM apura chacina de trabalhadores rurais no Mato Grosso

Uma comitiva de quatro deputados esteve em Colniza (MT), para apurar a chacina de nove trabalhadores rurais da comunidade de Taquaruçu do Norte, área rural do município. A missão teve a coordenação da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), presidida pelo deputado Paulão (PT-AL), e contou com a participação dos deputados João Daniel (PT-SE), Nilto Tatto (PT-SP) e Ságuas Moraes (PT-MT).
02/05/2017 12h59

Jocivaldo Silva

CDHM apura chacina de trabalhadores rurais no Mato Grosso

Cerca de 100 pessoas acompanharam o evento, realizado na paróquia da cidade. O clima era de tensão, pois a cidade está chocada com os assassinatos. O deputado Paulão destacou os aspectos de solidariedade às famílias das vítimas que justificaram a vinda da Comissão até Colniza, mas ressaltou que a presença da comitiva tem caráter objetivo. “Estamos aqui para tentar solucionar e encaminhar medidas que poderemos tomar em Brasília com o intuito de resolver mais este brutal episódio relacionado à luta pela terra no Brasil”.

 

Este tema, por sinal, deu o tom das falas do público. Entre denúncias individuais e que trouxeram um histórico das dificuldades históricas de acesso à terra na região, há um consenso na população de Colniza que as ações de grilagem e de regularização fundiária tardia por parte do Estado contribuíram para a onda de violência, mortes e ameaças que fazem parte da vida da comunidade Taquaruçu. Realidade que está presente em todo o território nacional, como lembrou o deputado João Daniel, que relembrou os dados recentes, divulgados por órgãos como a CPT, que indicam aumento no número de mortos no campo em 2016.

 

Um dos encaminhamentos possíveis é o de federalização da apuração do crime, devido às dificuldades que a Polícia Civil local está tendo na apuração da chacina, como defende o deputado Nilto Tatto (PT-SP). “O papel da Comissão será importantíssimo para construir a relação com os órgãos federais e apresentar o que estamos vendo em Colniza. Eventualmente podemos avaliar a federalização do caso, a partir de audiências com a PGR e internamente no Congresso Nacional”, afirma.

 

É fundamental a interlocução entre municípios, estados e União na resolução do conflito, aponta o deputado Ságuas Moraes. “A CDHM sozinha não resolverá os crimes e tampouco a questão da regularização fundiária. Mas precisamos antes de tudo que o Estado e a União se façam presentes aqui”. Por sinal, o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, não respondeu aos pedidos feitos pelo presidente da CDHM, Paulão, para a Polícia Federal priorizar e contribuir na solução do caso.

 

Os parlamentares conversaram em caráter reservado com algumas pessoas, que apresentaram denúncias confidenciais que serão apuradas pela assessoria técnica da CDHM, que acionará órgãos competentes quando necessário.