Câmara de Salvador sedia audiência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias
Da audiência, em parceria com a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal, será formulado um relatório sobre o crime, ocorrido dia 19 de março deste ano no bairro de Nazaré, em Salvador. O ambientalista foi morto com quatro tiros, sem esboçar qualquer resistência, exatamente no dia em que participou de reunião da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa para fazer denúncias contra a empresa Cristal, antiga Millennium.
Oitiva privada
Os delegados frisaram que as apurações da SSP levam em conta quatro linhas de investigação, inclusive a de crime ambiental. Devido à natureza sigilosa das investigações, muitos detalhes não puderam ser revelados na audiência pública, mas Jean Wyllys solicitou uma oitiva privada da CDHM com as autoridades encarregadas pela apuração para saber quais as linhas de investigação com mais indícios.
O delegado José Alves, que representou a SSP, assumiu o compromisso de não deixar que o crime fique impune: “Traremos à tona os responsáveis”. Chamou atenção a ausência da família da vítima, apesar de ter sido convidada a dar seu testemunho, o que levantou a suspeita de estar havendo algum tipo de ameaça.
Jean Wyllys deixou claro que cada caso apurado pela CDHM torna-se “a ponto do iceberg de uma nova linha de investigação”. O assassinato de Ivo Bacana, portanto, será o início de uma luta tendo como foco a questão ambiental.
O vereador Hilton Coelho destacou que este não foi um caso isolado em Salvador, relembrando os assassinatos de Antônio Conceição Reis, do Grupo Nativo de Itapuã, e do advogado e ambientalista André Cintra, na Paralela. Ele parabenizou a CDHM pela iniciativa e ressaltou a importância das investigações apontarem e prenderem os mandantes dos crimes. A vereadora Ana Rita Tavares (Pros) também participou do evento.
No documento lido na audiência e entregue à Comissão o ambientalista Marcos Mendes critica a “mídia reacionária e imparcial” por ter “plantado” a tese de que a motivação do crime teria sido unicamente roubo. E defende: “O crime praticado tendo por fim a execução sumária, o crime de mando, de emboscada, deve ser ainda mais ferozmente combatido, visto que a impunidade e a corrupção são algumas das mais atrozes mazelas da sociedade”.