Câmara de Salvador sedia audiência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias

O assassinato do ambientalista baiano Ivo Barreto do Couto Filho, conhecido como Ivo Bacana, foi o tema da audiência pública realizada na tarde de quarta-feira (18), no auditório da Câmara Municipal de Salvador, pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal. Presidida pelo deputado Jean Wyllys (PSOL/RJ), a mesa do evento teve a participação do vereador Hilton Coelho (PSOL); dos deputados federais Amauri Teixeira (PT/BA) e padre Luiz Couto (PT/PB); dos delegados José Alves Bezerra Júnior e Mariana Ouais; e do representante do Conselho de Entidades Ambientalistas da Bahia, Marcos Mendes.
24/06/2014 17h30

Banco de Imagens/Câmara dos Deputados

Câmara de Salvador sedia audiência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias

Deputado Hean Wyllys presidiu evento na Câmara de Salvador

Da audiência, em parceria com a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal, será formulado um relatório sobre o crime, ocorrido dia 19 de março deste ano no bairro de Nazaré, em Salvador. O ambientalista foi morto com quatro tiros, sem esboçar qualquer resistência, exatamente no dia em que participou de reunião da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa para fazer denúncias contra a empresa Cristal, antiga Millennium.

Oitiva privada

Os delegados frisaram que as apurações da SSP levam em conta quatro linhas de investigação, inclusive a de crime ambiental. Devido à natureza sigilosa das investigações, muitos detalhes não puderam ser revelados na audiência pública, mas Jean Wyllys solicitou uma oitiva privada da CDHM com as autoridades encarregadas pela apuração para saber quais as linhas de investigação com mais indícios.
O delegado José Alves, que representou a SSP, assumiu o compromisso de não deixar que o crime fique impune: “Traremos à tona os responsáveis”. Chamou atenção a ausência da família da vítima, apesar de ter sido convidada a dar seu testemunho, o que levantou a suspeita de estar havendo algum tipo de ameaça.

Jean Wyllys deixou claro que cada caso apurado pela CDHM torna-se “a ponto do iceberg de uma nova linha de investigação”. O assassinato de Ivo Bacana, portanto, será o início de uma luta tendo como foco a questão ambiental.
O vereador Hilton Coelho destacou que este não foi um caso isolado em Salvador, relembrando os assassinatos de Antônio Conceição Reis, do Grupo Nativo de Itapuã, e do advogado e ambientalista André Cintra, na Paralela. Ele parabenizou a CDHM pela iniciativa e ressaltou a importância das investigações apontarem e prenderem os mandantes dos crimes. A vereadora Ana Rita Tavares (Pros) também participou do evento.
No documento lido na audiência e entregue à Comissão o ambientalista Marcos Mendes critica a “mídia reacionária e imparcial” por ter “plantado” a tese de que a motivação do crime teria sido unicamente roubo. E defende: “O crime praticado tendo por fim a execução sumária, o crime de mando, de emboscada, deve ser ainda mais ferozmente combatido, visto que a impunidade e a corrupção são algumas das mais atrozes mazelas da sociedade”.