Audiência pública no interior de Minas cobra apuração de atentados contra ativistas ambientais
Nesta localidade, em 27 de março de 2014, o ativista ambiental e dirigente do Instituto Milho Verde, Luiz Fernando Ferreira Leite, foi alvo de uma tentativa de homicídio. Cinco tiros foram disparados e três atingiram Luiz Fernando que, ferido, foi removido da região para tratamento, e por falta de segurança, não voltou a Milho Verde. Desde então, dois outros atos terroristas tiraram a tradicional tranquilidade do lugar. Uma bomba foi explodida e, dias depois, a casa do ex-secretário de Meio Ambiente do Serro, Paulo Sérgio Torres Procópio, foi totalmente incendiada.
Audiência pública
Durante a audiência pública, que contou com cerca de 120 pessoas, moradores relataram a insegurança em que vivem desde que o distrito foi palco dos três atos criminosos e cobraram a resolução dos casos. A reunião foi realizada no Instituto Milho Verde em conjunto pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados e a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, estando a primeira representada pelo seu Primeiro Vice-Presidente, Deputado Nilmário Miranda, e a segunda pelo seu Presidente, Deputado estadual Durval Ângelo.
Em depoimento às comissões, o ex-secretário de Meio Ambiente do Serro, Paulo Sérgio Torres Procópio, disse acreditar que os atentados têm relação com a demarcação de terras do Monumento Natural Várzea do Lajeado e Serra do Raio. Ele e a outra vítima das ocorrências, Luiz Fernando Ferreira Leite, estiveram envolvidos na criação do monumento.
Diversas autoridades da segurança pública de Minas Gerais participaram da audiência e se colocaram a disposição da população na resolução dos casos. O delegado do Serro, Flávio Vinícius Martins de Castro, disse que a Polícia Civil está empenhada na investigação do crime. Os participantes da audiência também reivindicaram a instalação de um posto policial no distrito. Em resposta, o prefeito do Serro, Epaminondas Pires de Miranda, disse que a prefeitura pode alugar uma casa para o funcionamento do posto policial.
O Deputado Nilmário Miranda, depois de apresentar os objetivos da presença do poder público em Milho Verde, afirmou que a ameaça de morte a defensores de direitos humanos - e assim são qualificados os ativistas ambientais ameaçados – é uma afronta a toda a comunidade e que o objetivo de atos terroristas é intimidar e impedir que os cidadãos exijam seus direitos. Miranda concitou as autoridades policiais a perseverar nas investigações, para acabar com a impunidade que estava deixando toda a comunidade insegura.
Encaminhamentos
O Deputado Nilmário Miranda assumiu o compromisso de, por meio da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, demandar junto a Secretaria de Defesa Social de Minas Gerais e do Ministério Público Estadual, investigação que leve à prisão dos autores dos crimes em Milho Verde e de continuar a acompanhar os desdobramentos do caso, voltando a atuar sempre que necessário.
Vistoria e contatos com testemunhas
Os representantes das comissões de direitos humanos da Câmara dos Deputados e da Assembleia Legislativa também vistoriaram os locais onde ocorreram os atos criminosos. Encerrada a reunião pública, assessores permaneceram em Milho Verde para ouvir testemunhas que pudessem contribuir no esclarecimento dos fatos.