Audiência pública colhe testemunhos sobre Anísio Teixeira

As suspeitas em torno das circunstâncias da morte de um dos maiores educadores brasileiros, Anísio Teixeira, serão debatidas em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, e da sua Subcomissão Verdade, Memória e Justiça, no dia 28 de maio (quarta-feira), a partir das 14h, no plenário 9.
23/05/2014 14h47

Personagem central na história da educação no Brasil, o educador, jurista e escritor difundiu os pressupostos do movimento Escola Nova, que enfatizava o desenvolvimento intelectual e a capacidade de julgamento em preferência à memorização. Homem de ação, Anísio reformou o sistema educacional da Bahia e do Rio de Janeiro, exercendo vários cargos executivos. Fundou a Universidade do Distrito Federal, em 1935, depois transformada em Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil. No percurso em defesa da escola pública, publicou o livro referencial “Educação não é privilégio” (1957).

No início da década de 1960, foi um dos mentores da Universidade de Brasília (UnB), juntamente com Darcy Ribeiro. Em 1963, assumiu a Reitoria da UnB, de onde foi afastado pelo golpe militar de 1964. Enfrentou, no dia 9 de abril daquele ano, a primeira invasão militar ao Campus da Universidade.

Ao expressar a ideia de educação para todos, ele estabeleceu a base de sua atuação, que orientou sua contribuição ao setor, cuja influência persiste até hoje. Anísio Teixeira deixou-nos um importante legado em defesa da democratização do acesso à educação pública, gratuita, universal, laica e de qualidade. Dizia ele: “Só existirá democracia no Brasil no dia em que se montar no país a máquina que prepara as democracias. Essa máquina é a da escola pública”.

Anísio Spínola Teixeira (Caetité, 12/7/1900 — Rio de Janeiro, 11/3/1971) foi encontrado morto em 14 de março de 1971, num fosso de elevador. Apesar de a perícia ter afirmado, à época, que a morte foi acidental, há indícios de que ele teria sido, na verdade, vítima de assassinato pela repressão.

Florestan Fernandes, no texto “Anísio Teixeira e a Luta pela Escola Pública”, relata: “O educador prevalecia em todas as suas ações e chega a ser inacreditável que as mãos da ditadura militar tenham se erguido contra esse homem ao qual nós todos devemos, e que ele tenha sofrido incompreensão, incerteza e amargura, em vez de receber honras, compensação e carinho” (Brasília, 2002, p. 51).

“Considerando a importância de contribuir ao esclarecimento público das circunstâncias da morte desse grande educador é que propusemos essa atividade para a CDHM e sua Subcomissão Parlamentar Verdade, Memória e Justiça”, justificaram no requerimento os seus autores, Deputados Luiz Couto (PT-PB), Chico Alencar (PSol-RJ) e Deputada Janete Rocha Pietá (PT-SP).

Para a Deputada Luiza Erundina (PSB-SP), Presidente da Subcomissão Parlamentar Verdade, Memória e Justiça, com os testemunhos valiosos que serão dados nesta audiência, será possível dar um passo a mais no esclarecimento dos fatos sobre a morte de Anísio Teixeira”.

Por sua vez, o Presidente da CDHM, Deputado Assis do Couto (PT-PR), acrescentou outro objetivo para o evento: “além de ajudar na busca da verdade, esta é uma oportunidade de homenagear esse brasileiro que tanto fez pela democracia e pela educação”.

 

Expositores convidados

- Sr. João Augusto de Lima Rocha – Professor da Universidade Federal da Bahia e biógrafo de Anísio Teixeira (confirmado);

- Sr. Haroldo Borges Rodrigues Lima – Ex-preso político, ex-deputado Federal e ex-presidente da Agencia Nacional de Petróleo; (confirmado);

- Sr. Pedro Dallari - Coordenador da Comissão Nacional da Verdade; (a confirmar);

- Sra. Nadine Borges – Representante da Comissão da Verdade do Estado do Rio de Janeiro (confirmada);

- Sr. Cristiano Otávio Paixão Araujo Pinto – Representante da Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade da Universidade de Brasília (confirmado);

- Sr. Carlos Antônio Teixeira – Familiar de Anísio Teixeira (confirmado).