Audiência pública colhe testemunhos sobre Anísio Teixeira
Personagem central na história da educação no Brasil, o educador, jurista e escritor difundiu os pressupostos do movimento Escola Nova, que enfatizava o desenvolvimento intelectual e a capacidade de julgamento em preferência à memorização. Homem de ação, Anísio reformou o sistema educacional da Bahia e do Rio de Janeiro, exercendo vários cargos executivos. Fundou a Universidade do Distrito Federal, em 1935, depois transformada em Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil. No percurso em defesa da escola pública, publicou o livro referencial “Educação não é privilégio” (1957).
No início da década de 1960, foi um dos mentores da Universidade de Brasília (UnB), juntamente com Darcy Ribeiro. Em 1963, assumiu a Reitoria da UnB, de onde foi afastado pelo golpe militar de 1964. Enfrentou, no dia 9 de abril daquele ano, a primeira invasão militar ao Campus da Universidade.
Ao expressar a ideia de educação para todos, ele estabeleceu a base de sua atuação, que orientou sua contribuição ao setor, cuja influência persiste até hoje. Anísio Teixeira deixou-nos um importante legado em defesa da democratização do acesso à educação pública, gratuita, universal, laica e de qualidade. Dizia ele: “Só existirá democracia no Brasil no dia em que se montar no país a máquina que prepara as democracias. Essa máquina é a da escola pública”.
Anísio Spínola Teixeira (Caetité, 12/7/1900 — Rio de Janeiro, 11/3/1971) foi encontrado morto em 14 de março de 1971, num fosso de elevador. Apesar de a perícia ter afirmado, à época, que a morte foi acidental, há indícios de que ele teria sido, na verdade, vítima de assassinato pela repressão.
Florestan Fernandes, no texto “Anísio Teixeira e a Luta pela Escola Pública”, relata: “O educador prevalecia em todas as suas ações e chega a ser inacreditável que as mãos da ditadura militar tenham se erguido contra esse homem ao qual nós todos devemos, e que ele tenha sofrido incompreensão, incerteza e amargura, em vez de receber honras, compensação e carinho” (Brasília, 2002, p. 51).
“Considerando a importância de contribuir ao esclarecimento público das circunstâncias da morte desse grande educador é que propusemos essa atividade para a CDHM e sua Subcomissão Parlamentar Verdade, Memória e Justiça”, justificaram no requerimento os seus autores, Deputados Luiz Couto (PT-PB), Chico Alencar (PSol-RJ) e Deputada Janete Rocha Pietá (PT-SP).
Para a Deputada Luiza Erundina (PSB-SP), Presidente da Subcomissão Parlamentar Verdade, Memória e Justiça, com os testemunhos valiosos que serão dados nesta audiência, será possível dar um passo a mais no esclarecimento dos fatos sobre a morte de Anísio Teixeira”.
Por sua vez, o Presidente da CDHM, Deputado Assis do Couto (PT-PR), acrescentou outro objetivo para o evento: “além de ajudar na busca da verdade, esta é uma oportunidade de homenagear esse brasileiro que tanto fez pela democracia e pela educação”.
Expositores convidados
- Sr. João Augusto de Lima Rocha – Professor da Universidade Federal da Bahia e biógrafo de Anísio Teixeira (confirmado);
- Sr. Haroldo Borges Rodrigues Lima – Ex-preso político, ex-deputado Federal e ex-presidente da Agencia Nacional de Petróleo; (confirmado);
- Sr. Pedro Dallari - Coordenador da Comissão Nacional da Verdade; (a confirmar);
- Sra. Nadine Borges – Representante da Comissão da Verdade do Estado do Rio de Janeiro (confirmada);
- Sr. Cristiano Otávio Paixão Araujo Pinto – Representante da Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade da Universidade de Brasília (confirmado);
- Sr. Carlos Antônio Teixeira – Familiar de Anísio Teixeira (confirmado).