Alta-comissária da ONU critica falta de ações contra abusos cometidos na ditadura militar
Brasília(DF) - A
alta-comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para
Assuntos de Direitos Humanos, Navanethem Pillay, afirmou no último dia 13, durante visita ao país,
que o Brasil é o único país da América do Sul que não adotou
medidas para enfrentar os abusos cometidos durante o regime militar.
“Entendo
que esse é um tema extremamente sensível, mas há maneiras de fazer
isso evitando reabrir feridas do passado e ajudando a curá-las”,
disse, durante coletiva de imprensa. Navanethem reforçou que a
tortura é um crime contra a humanidade, que não pode ficar impune.
Para
a alta-comissária, a falta de discussão sobre o assunto acaba
contribuindo para os atos de tortura que ainda são praticados nos
tempos atuais.
Ela lembrou que deve haver um vínculo “indissolúvel” entre a
segurança pública e os direitos humanos. Ela elogiou iniciativas
federais e estaduais que dão prioridade à parceria com as
comunidades atingidas pela violência, mas cobrou a manutenção em
longo prazo do empenho político e da liberação de recursos
financeiros para essas ações.
“Reconheço
perfeitamente as dificuldades enfrentadas pela polícia quando tenta
manter a lei e a ordem. Mas a maneira de parar com a violência não
é recorrendo à violência. Um elemento-chave para ganhar a
confiança é aplicar a justiça de forma justa”, afirmou. A
representante da ONU pediu ainda que o governo brasileiro estabeleça
uma política clara de combate à impunidade.
A alta-comissãria foi recebida por autoridades do governo brasileiro e do Congresso Nacional, incluindo parlamentares da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara e da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado.
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Com informações de Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Link original:
https://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/11/13/materia.2009-11-13.0174795645