A cada cinco dias uma pessoa foi assassinada no campo em 2017

A estatística faz parte do relatório Conflitos no Campo Brasil 2017, feito pala Comissão Pastoral da Terra, e lançado nesta segunda-feira (4/6) na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília.
04/06/2018 17h14

É a 33ª edição do relatório que reúne dados sobre os conflitos e violências sofridas pelos trabalhadores e trabalhadoras do campo brasileiro, neles inclusos indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais.

O relatório de 2017 destaca o maior número de assassinatos em conflitos no campo dos últimos 14 anos, com 71 assassinatos. Dez a mais que no ano anterior. Desses, 31 foram chacinas, o que corresponde a 44% do total. Os massacres aconteceram no Mato Grosso, Pará, Tocantins, Bahia e Amazonas.

Além do aumento no número de mortes, o relatório indica ainda um aumento em outras violências. As tentativas de assassinatos subiram 63% e ameaças de morte 13%, em relação a 2016. 

O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, Luiz Couto, representou a CDHM no lançamento. “ A violência no campo é muito grande e ocorre em terras públicas da União, como constatamos recentemente numa diligência no interior do Pará, em São João do Araguaia, onde houve tortura dos campesinos também. O relatório da CNBB mostra que as grandes organizações do agronegócio, os grandes bancos e a falta de políticas públicas, por exemplo, estão destruindo o Estado democrático de direito para vivermos num Estado de exceção”, observa o deputado.

Ainda em junho, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara deve fazer o lançamento do relatório em uma audiência pública.

Estavam presentes no evento o presidente da Comissão Pastoral da Terra, Dom André de Witte; o vice-presidente, Dom José Ionilton; integrantes da coordenação executiva nacional da CPT; o professor da Universidade Federal Fluminense, Carlos Walter Porto Gonçalves e Polliana Soares, do Acampamento Hugo Chávez, do Pará, despejado em dezembro do ano passado, além de representantes de movimentos sociais.

 

Pedro Calvi / CDHM