Audiência Constata Novos Casos de Violência Policial em Goiás

Audiência constata novos casos de violência policial em Goiás

A audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Minorias que discutiu na quinta-feira (2) o desaparecimento de Murilo Soares Rodrigues, de 12 anos, e Paulo Sérgio Rodrigues, de 21, na região metropolitana de Goiânia, trouxe à tona outras denúncias de violência envolvendo policiais militares de Goiás. Como conseqüência, a presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputada Iriny Lopes (PT-ES), sugeriu a criação de corregedorias independentes para cuidar dos crimes envolvendo policiais.

"Infelizmente, é necessário registrar que a polícia brasileira é indicada como uma das que mais matam no mundo", lamentou a parlamentar, defendendo a necessidade de as auditorias e corregedorias terem autonomia em relação às corporações.
O representante da Secretaria de Segurança Pública e Justiça de Goiás, Oto Filemon, informou aos parlamentares que o estado já conta com uma corregedoria autônoma, que cuida dos crimes envolvendo policiais. Essa corregedoria, segundo ele, foi responsável por 3.622 punições e 192 exclusões da corporação policial nos últimos três anos. Esse número, explicou, é cinco vezes maior do que o verificado no governo anterior.

Lembrando que os policiais que presidem inquéritos contra os próprios colegas muitas vezes são estigmatizados quando retornam à corporação, Filemon defendeu a aprovação de proposta de emenda à Constituição que cria um órgão independente de investigação nas polícias militares.

Iriny Lopes adiantou que a comissão continuará acompanhando a investigação destes casos e cobrará a punição dos responsáveis. "Vamos investigar e punir os culpados", garantiu o tenente-coronel José da Rocha Coelho. Ele lembrou que o episódio envolve indivíduos e não toda a Polícia Militar de Goiás.

Desaparecidos
Sobre o desaparecimento de Murilo Soares e de Paulo Sérgio, na região metropolitana de Goiânia, as investigações descobriram que eles foram vistos pela última vez no dia 22 de abril, quando foram abordados por policiais militares dentro de um carro. Uma semana depois, o veículo foi encontrado queimado e sem o sofisticado aparelho de som, de valor estimado em R$ 9 mil.

Graça Rodrigues, mãe de Murilo, disse que foi procurada por várias famílias na mesma situação. "Mais de dez famílias nos procuraram. Famílias que há mais de um ano estão buscando solução para os seus casos, que foram esquecidos. Casos de pessoas que foram abordadas e mortas pela polícia de Goiânia", denunciou.

Entre estes casos está o do professor Divino Rodrigues Barco, que teve o filho Rodrigo, de 19 anos, assassinado por um policial militar em março, em Goiânia, e de Hilton Bandeira da Silva, cujo filho foi morto a pancadas por policiais, em Luziânia. Hilton representa atualmente o Movimento de Amparo às Vítimas e Testemunhas da Violência Policial (Mavip) no Entorno do Distrito Federal. Ele relatou vários casos sem solução no estado, todos envolvendo policiais militares.

O tenente-coronel José da Rocha Coelho, responsável pelo inquérito na Polícia Militar que investiga o desaparecimento de dois jovens na cidade de Aparecida de Goiás, informou que cinco PMs já foram presos preventivamente. Coelho disse, no entanto, que ainda não há provas de que os jovens tenham sido assassinados.

Fonte: Agência Câmara