“O Carrefour errou, o Carrefour falhou”, diz o vice-presidente da rede durante reunião de comissão da Câmara que acompanha o caso João Beto

Helder Salomão (PT/ES), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), acompanhou o encontro
03/12/2020 18h23

Fonte: Agência Câmara de Notícias

“O Carrefour errou, o Carrefour falhou”, diz o vice-presidente da rede durante reunião de comissão da Câmara que acompanha o caso João Beto

Vice-presidente do Carrefour (BR), Stephane Engelhard

No dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, a Câmara dos Deputados criou uma comissão externa para acompanhar a investigação da morte do soldador João Alberto Silveira Freitas, conhecido pelos amigos como João Beto, que foi espancado até a morte, na véspera, por seguranças em uma loja da Rede Carrefour, em Porto Alegre (RS).


Nesta quinta-feira (3), a comissão externa ouviu o vice-presidente do Carrefour no Brasil, Stephano Engelhard. Ele pediu desculpas pelo ato de violência que culminou com a morte do trabalhador negro.


“O Carrefour errou, o Carrefour falhou. Tem alguma coisa que não funcionou no Carrefour. Vou deixar isso bem claro para que não haja dúvidas. Pode ser uma empresa terceirizada, mas a responsabilidade é nossa”, disse Engelhard, de acordo com reportagem da Agência Câmara.


O presidente da comissão, Damião Feliciano (PDT/ PB), afirmou que “nós, eu como coordenador, quero iniciar a fala dizendo que nós ficamos estarrecidos com o que aconteceu no Carrefour. E repito que não é uma peculiaridade só do Carrefour. Outras empresas cometeram atitudes semelhantes. Mas nós vamos aqui tomar como uma questão simbólica por ter tido a morte de mais um corpo negro.


Stephano informou que a rede Carrefour já foi procurada por outras grandes empresas para a criação de uma campanha contra o racismo no país. Além disso, também estaria sendo feita uma auditoria em todas as atividades para identificar os problemas que causaram a morte de João Alberto.


Também logo após a morte de João Beto, o presidente da CDHM pediu, com urgência, prioridade na investigação do caso e a punição dos envolvidos. O documento foi enviado para Ranolfo Vieira Júnior, Secretário de Estado da Segurança Pública do Rio Grande do Sul e Fabiano Dallazen, procurador-geral de Justiça do Rio Grande do Sul.


“É um homicídio trágico em um quadro sistêmico e intolerável. As imagens que circulam nas redes sociais são nítidas e mostram a absoluta desproporcionalidade nas agressões e indicam até mesmo a prática de tortura”, denunciou Helder Salomão.


Além de Damião Feliciano, fazem parte da comissão externa Benedita da Silva (PT/RJ, Bira do Pindaré (PSB/MA, Silvia Cristina (PDT/RO)RO), Áurea Carolina (PSOL/MG), Vicentinho (PT/SP), Orlando Silva (PCdoB-SP) e Maria do Rosário (PT/RS).


Maria do Rosário, que também participou do encontro de hoje, destaca que “não estamos buscando só uma resposta imediata. O que nós queremos ter certeza é de que esse crime, verdadeiramente um crime, não fique impune, e que a responsabilidade não seja verificada só sobre aquelas pessoas que têm a responsabilidade imediata e direta sobre o crime. Mas, realmente, sobre o que as empresas fazem”.

Pedro Calvi / CDHM

Com informações da Agência Câmara de Notícias e do portal noticiasdasuacidade