Debatedores criticam projeto que prevê consórcios de empregadores urbanos
Antonio Araújo / Câmara dos Deputados
Participantes de audiência na Comissão de Desenvolvimento Econômico foram unânimes nas críticas.
De autoria do senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), o projeto (PL 6906/13) permite que pessoas físicas e empresas se unam para contratar funcionários e prevê a divisão dos encargos patronais dos trabalhadores urbanos entre os membros do consórcio. Essa modalidade de emprego já existe no meio rural. A proposta acrescenta dispositivos à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT - Decreto-Lei 5.452/43) e à Lei 8.212/91, que trata da organização da Seguridade Social.
A proposta foi discutida em audiência pública promovida pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio nesta terça-feira (9). O deputado Ronaldo Zulke (PT-RS), que propôs a audiência, afirmou que não se pode permitir retrocessos nas regras estabelecidas pela CLT.
Prejuízos
Na avaliação do presidente da Contracs/CUT, Alci Matos Araújo, o trabalhador será prejudicado se a proposta for aprovada. “O avanço que nós tivemos no País, desde a década de 80, tem nesse projeto uma problemática muito grande. Uma vez que seu único objetivo é a precarização dos direitos dos trabalhadores”, afirma.
Entre os problemas dessa modalidade de emprego, os debatedores apontaram que os empregados ficariam sem um chefe fixo a quem se reportar, uma vez que ele pode ser escalado a cada dia por um participante diferente do consórcio, o que seria uma quebra na relação direta entre empregado e empregador.
O diretor técnico do Diap, Hélio Stefani Gherardi, afirmou que a legislação trabalhista brasileira é uma das melhores em todo o mundo e por isso é alvo de medidas para enfraquecê-la. “Sempre tentam derrubar, ou tentam contrariar, ou fraudar dispositivos da CLT”, argumenta.
Já o procurador regional do Trabalho do Ministério Público do Trabalho, Fábio Leal Cardoso, não enxerga benefícios para a sociedade com a aprovação do projeto. “A medida não atende as necessidades nem dos empregadores e nem das empresas”, afirma.
Tramitação
A proposta, de caráter conclusivo, vai ser analisada pelas comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; de Seguridade Social e Família; de Trabalho, de Administração e Serviço Público; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Íntegra da proposta:
Edição – Newton Araújo