Debatedores criticam projeto que prevê consórcios de empregadores urbanos

Integrantes do Ministério Público do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços (Contracs/CUT) se posicionaram contra projeto de lei que autoriza a criação de consórcios de empregadores urbanos.
10/12/2014 08h30

Antonio Araújo / Câmara dos Deputados

Debatedores criticam projeto que prevê consórcios de empregadores urbanos

Participantes de audiência na Comissão de Desenvolvimento Econômico foram unânimes nas críticas.

De autoria do senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), o projeto (PL 6906/13) permite que pessoas físicas e empresas se unam para contratar funcionários e prevê a divisão dos encargos patronais dos trabalhadores urbanos entre os membros do consórcio. Essa modalidade de emprego já existe no meio rural. A proposta acrescenta dispositivos à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT - Decreto-Lei 5.452/43) e à Lei 8.212/91, que trata da organização da Seguridade Social.

A proposta foi discutida em audiência pública promovida pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio nesta terça-feira (9). O deputado Ronaldo Zulke (PT-RS), que propôs a audiência, afirmou que não se pode permitir retrocessos nas regras estabelecidas pela CLT.

Prejuízos
Na avaliação do presidente da Contracs/CUT, Alci Matos Araújo, o trabalhador será prejudicado se a proposta for aprovada. “O avanço que nós tivemos no País, desde a década de 80, tem nesse projeto uma problemática muito grande. Uma vez que seu único objetivo é a precarização dos direitos dos trabalhadores”, afirma.

Entre os problemas dessa modalidade de emprego, os debatedores apontaram que os empregados ficariam sem um chefe fixo a quem se reportar, uma vez que ele pode ser escalado a cada dia por um participante diferente do consórcio, o que seria uma quebra na relação direta entre empregado e empregador.

O diretor técnico do Diap, Hélio Stefani Gherardi, afirmou que a legislação trabalhista brasileira é uma das melhores em todo o mundo e por isso é alvo de medidas para enfraquecê-la. “Sempre tentam derrubar, ou tentam contrariar, ou fraudar dispositivos da CLT”, argumenta.

Já o procurador regional do Trabalho do Ministério Público do Trabalho, Fábio Leal Cardoso, não enxerga benefícios para a sociedade com a aprovação do projeto. “A medida não atende as necessidades nem dos empregadores e nem das empresas”, afirma.

Tramitação
A proposta, de caráter conclusivo, vai ser analisada pelas comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; de Seguridade Social e Família; de Trabalho, de Administração e Serviço Público; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Íntegra da proposta:

Reportagem – Gabriel Veras
Edição – Newton Araújo

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