O Bosque dos Constituintes foi plantado pelos parlamentares integrantes da Assembleia Nacional Constituinte em 4 de outubro de 1988, véspera da promulgação da Constituição Cidadã. A proposta partiu da sociedade civil e de entidades governamentais como uma forma de homenagear os constituintes que, pela primeira vez na história do Brasil, haviam incluído na Constituição um artigo dedicado à proteção do meio ambiente – “um dos mais avançados do planeta em matéria ambiental”, segundo Edis Milaré, procurador de Justiça e reconhecido especialista em Direito Ambiental.

Participaram dessa iniciativa a Sociedade Brasileira dos Engenheiros Florestais (SBEF), o extinto Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) e a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap/GDF).

Assim, numa área de aproximadamente 70 mil m² situada ao lado da Praça dos Três Poderes, cada parlamentar plantou uma muda de árvore. Foram escolhidas 20 espécies: aroeira (Myracrodruon urundeuva Allemão), angico (Anadenanthera macrocarpa), bálsamo (Myroxylon balsamum), cedro-rosa (Cedrela fissilis), capitão (Terminalia sp), gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium), guapuruvu (Schizolobium parahyba), ipê-amarelo (Tabebuia serratifolia), ipê-branco

(Tabebuia roseo-alba), pajeú (Triplaris brasiliana), ingá-mirim (Inga fagifolia), jacaré (Piptadenia comunis Benth), jequitibá (Cariniana estrellensis), ingá (Inga marginata), jacarandá-da-bahia (Dalbergia nigra), quaresmeira-roxa (Tibouchina granulosa) e quaresmeira-rosa (Tibouchina granulosa), nativas do Brasil; jambo-vermelho (Syzygium malaccensis) jambolão (Syzygium jambolanum) e jacarandá-mimoso (Jacaranda mimosifolia), espécies exóticas que se adaptaram bem ao nosso país.

Ao deputado Ulysses Guimarães, presidente da Assembleia Nacional Constituinte, coube plantar um exemplar de pau-ferro (Caesalpinia ferrea) no local atualmente conhecido como Bloco das Árvores Históricas. Ali, ele descerrou uma placa comemorativa que reproduziu parte do artigo 225 do texto constitucional:

“Todos têm direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Além de Ulysses Guimarães, outras autoridades plantaram mudas no Bloco das Árvores Históricas. O Poder Executivo foi representado pelo então ministro da Agricultura Iris Rezende, que plantou o pau-brasil (Caesalpinia echinata); o Legislativo teve como representante o senador Humberto Lucena, à época presidente do Congresso Nacional, que plantou o ipê-amarelo (Tabebuia serratifolia); o Judiciário, por sua vez, foi representado pelo ministro Luiz Rafael Mayer, então presidente do Supremo Tribunal Federal, com o ipê-branco (Tabebuia roseo-alba).

O Bosque dos Constituintes atravessou uma longa fase de latência entre a sua criação, em 1988, e a transformação em Parque, já em 2008. Nas palavras de Ozanan Coelho, diretor do Departamento de Parques e Jardins da Novacap durante esse período: “O Bosque passou algum tempo ‘hibernando’, mas sempre tivemos o cuidado de, nas ocasiões em que houve necessidade de replantio, preservar o traçado original e manter as mesmas espécies que foram usadas originalmente, cientes da importância histórica de tudo que envolve esse espaço”.

Responsável pelas mudas utilizadas à época do plantio, Ozanan exalta a importância simbólica e histórica do Bosque: “É algo esplêndido que esta Constituição já tenha nascido trazendo uma égide ambiental, em uma época em que ainda não se falava tanto sobre isso. Espero que essa moda ‘pegue’, e que se passem a comemorar os grandes eventos com o plantio de bosques, e não apenas de uma árvore simbólica”.

Conheça a lista dos parlamentares que participaram do plantio em ordem alfabética

Conheça por módulo de plantio do Bosque a relação dos constituintes segundo documento original

Conheça as espécies arbóreas do Bosque dos Constituintes
Confira o que os idealizadores do Bosque contam sobre esse momento histórico