Pássaros urbanos: bioindicadores da qualidade ambiental

Pela primeira vez na história da humanidade, as áreas urbanas são habitadas por mais pessoas do que os campos. A manutenção da sua qualidade ambiental tornou-se extremamente significativa para o equilíbrio do planeta (ONU, 2007).

Assim, identificar animais urbanos que possam ser utilizados como bioindicadores é de extrema utilidade na avaliação da qualidade e de impactos, favoráveis ou desfavoráveis, que áreas urbanas sofrem.

Pela sua mobilidade e por escolherem para nidificação e alimentação os melhores ambientes, os pássaros são frequentemente utilizados como bioindicadores. O seu repentino desaparecimento, o aumento da população ou alterações na estrutura trófica nas áreas observadas podem servir como alertas, tanto positivos quanto negativos, de modificações que passariam despercebidas ao primeiro olhar.

De acordo com o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos, o País abriga 1.794 espécies, ou seja, 55% das 3.230 existentes na América do Sul. Dentro deste panorama, o cerrado se destaca por já terem sido identificadas 837 espécies de aves em seus limites.

No Distrito Federal, já foram avistadas 439 distintas espécies, numero expressivo em relação à sua pequena área, o que se justifica pela diversidade de fisionomias que apresenta e pela grande variedade de áreas preservadas (Bagno 1996, Negret et al 1984, Silva 1995 in Braz et Cavalcanti).

Pelo interesse que desperta, a observação dos pássaros incentiva os cuidados com a natureza. É um motivador para pessoas que, mesmo não treinadas, mas interessadas nas questões ambientais, desejam participar de programas de observação, documentação e registro.

Assim, além da função imediata de indicadores da qualidade do ambiente e de suas alterações, os pássaros e o ato de observá-los são úteis nos programas de educação e sensibilização ambiental, uma vez que despertam os não especialistas para com os cuidados com o meio ambiente.

No Bosque dos Constituintes, até a presente data, foram fotografadas 55 espécies de 24 famílias. Tal número representa 12,5 % do total de espécies já identificadas no Distrito Federal, segundo estudo realizado pela Universidade de Brasília (UnB).

Quando se compara a relação “área x espécies de aves avistadas” do Distrito Federal e do Bosque, obtém-se um resultado revelador: a média área/espécies do Bosque é 1000 vezes maior do que a média do DF, o que comprova a importância do local na preservação de aves dentro do contexto urbano brasiliense.


Referência:
Braz Vivian S. e Cavalcanti, Roberto B. A representatividade de áreas protegidas do DF na Conservação da Avifauna do Cerrado. Brasília: Departamento de Zoologia Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Brasília.

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