Newton Lima vai sugerir mudanças na Lei de Patentes

06/12/2016 12h05

SEFOT/CD

Newton Lima vai sugerir mudanças na Lei de Patentes

Dep. Newton Lima (PT-SP)

Oscar Telles (Jornal da Câmara)

O deputado Newton Lima (PT-SP) afirmou que vai sugerir mudanças na Lei de Patentes (Lei 9.279/96), durante seminário realizado ontem pelo Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica. O parlamentar, que é relator de estudo sobre o tema, disse que a lei prejudicou o desenvolvimento da inovação tecnológica no setor de fármacos, onerou o Sistema Único de Saúde e prejudicou a economia popular.

No seminário, que também debateu o futuro da indústria nacional de fármacos, Newton Lima ressaltou que a Lei das Patentes confrontou-se com a Constituição ao deixar interesses maiores de saúde pública e de desenvolvimento do País subalternos aos interesses das multinacionais.

“Não usamos as flexibilidades que o acordo da Organização Mundial do Comércio nos dava, como outros países fizeram. Açodadamente introduzimos o pipeline e acabamos protegendo 1.183 produtos que já eram de domínio público”, avaliou.

O pipeline é o mecanismo em que a patente expedida no exterior é reconhecida no Brasil apenas até o tempo em que ela leva para expirar no país de origem. O deputado disse ainda que as patentes pipeline são consideradas inconstitucionais por alguns estudiosos em razão de não atenderem ao interesse social e ao desenvolvimento tecnológico e econômico do Brasil.

Proteção - Na opinião do representante do Ministério da Saúde, Zichi Moysés Júnior, a questão da proteção intelectual não pode atrapalhar o desenvolvimento. “Se estendemos desnecessariamente proteções indevidas e não atendemos às demandas que o Ministério da Saúde tem necessidade de suprir, inviabilizamos qualquer possibilidade de atender o mercado interno com produção própria e com tecnologia própria”, disse.

A professora Eloísa Machado de Almeida, da Fundação Getúlio Vargas, defendeu a flexibilidade da Lei de Patentes. Segundo ela, há uma estagnação da produção de novos fármacos e predileção do mercado por produtos de estética, mais lucrativo. “Ou o governo começa a flexionar a Lei de Patentes ou não dará assistência adequada à saúde da população”.

De acordo com o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu Barbano, 30% do mercado é protegido por patente.