Oito pessoas desaparecem, por hora, no Brasil

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública fez uma pesquisa para o Comitê internacional da Cruz Vermelha, sobre os boletins de ocorrências registrados por desaparecimentos no Brasil. O resultado impressiona. De 2007 a 2016, foram 693.076 registros de pessoas desaparecidas. Em média, 190 pessoas desapareceram por dia neste período, oito por hora. Já 2017 terminou com 82.684 boletins de ocorrência registrando o desaparecimento de pessoas, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Quando falamos em desaparecimento de crianças e adolescentes, a estatística oficial aponta para 40 mil casos por ano. Entre as causas, está o tráfico, feito por quadrilhas, para venda de órgãos, trabalho escravo, prostituição ou adoção ilegal.
29/11/2018 10h23

Um dos efeitos mais perversos do capitalismo é a mercantilização do mundo. Não apenas a água, a terra e o trabalho são reduzidos a mercadorias, mas até mesmo a liberdade e a dignidade humana. Desde o ano passado comemoramos o Dia Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, em 30 de julho. Dessa forma, o Brasil se une a uma corrente internacional de debates e ações práticas para reduzir e eliminar a mercantilização da vida, especialmente da vida de mulheres e crianças pobres”, diz o deputado Luiz Couto (PT/PB), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM).

Para discutir essa situação e atualizar números e estratégias de ação, a CDHM promove, na próxima terça-feira (4), às 14h30, uma audiência pública. Devem participar representantes do Comitê Estadual de Enfrentamento ao Tráfico e Desaparecimento de Pessoas da Paraíba, da Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Paz Social do Distrito Federal e da ONGs Mães da Sé e Desaparecidos do Brasil.

Mais números

Ainda segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, São Paulo lidera as estatísticas, com 242.568 registros de desaparecimentos de 2007 a 2016, seguido por Rio Grande do Sul, com 91.469, e Rio de Janeiro, com 58.365. Acre, Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná e Roraima não passaram os dados completos deste período. As causas vão da fuga de casa por causa de conflitos familiares, passando por transtornos mentais, violência, alcoolismo, até conflitos entre quadrilhas organizadas do tráfico de drogas e também de órgãos.

Protocolo

O Estado Brasileiro ratificou, durante o governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva, o Protocolo Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas. Já durante a gestão de Dilma Rousseff , foram intensificadas ações de prevenção e combate a formas de submissão e exploração do ser humano. 

“As instituições democráticas, inclusive esta Câmara dos Deputados, não podem se render às forças que submetem a dignidade humana aos interesses e preços do mercado. O tráfico de pessoas é inadmissível. Não podemos admitir formas modernas de escravidão. O Estado deve se opor ao remoinho ultraliberal que transforma direitos, como o direito à liberdade, em mercadorias só acessíveis aos mais ricos”, afirma o presidente da CDHM, Luiz Couto.

Como evitar o desaparecimento de crianças

-Nunca deixe a criança andar ou brincar sozinha na rua  

-Fique de olho no comportamento dos adolescentes, que podem dar pistas de que algo errado está acontecendo com eles  

-Saiba o que a criança faz na internet  

-Ensine a criança a memorizar dados importantes, como endereço de casa e telefone 

-Fique alerta e nunca deixe de prestar atenção na criança em locais movimentados, como aeroportos e rodoviárias.

Como agir em caso de desaparecimento

-A primeira coisa é comunicar o desaparecimento para a polícia, não é necessário esperar 24h para fazer registro  

-Qualquer delegacia de polícia pode registrar o boletim, é possível registrar também no Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca)  

-Avise de todas as formas possíveis, cartazes, rádios, televisão, redes sociais, amigos, parentes e vizinhos e nas ONGs especializadas

-Deixe alguém no local onde a criança sumiu, porque ela pode voltar ao lugar

-Não mexa na casa, pois podem existir vestígios com pistas sobre o desaparecimento da criança ou do adolescente

 

Pedro Calvi / CDHM

Fonte: Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Comitê internacional da Cruz Vermelha