Comissão da Câmara dos Deputados faz diligência a quilombo em Minas Gerais; 450 famílias ameaçadas de despejo
Para acompanhar de perto o impasse, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados faz uma diligência, na próxima segunda-feira (26), ao acampamento e promove uma audiência pública com os agricultores e sociedade civil.
Participam do encontro os deputados federais Valmir Assunção (PT/BA), Luiz Couto (PT/PB), João Daniel (PT/SE), Padre João (PT/MG) e o estadual mineiro Rogério Correia (PT). Também fazem parte da diligência Gabriel Rocha, secretário de Direitos Humanos de Minas Gerais e Afonso Miranda, procurador de justiça do Ministério Público/MG.
O caso
As famílias de trabalhadores rurais vivem na área da usina falida Ariadnópolis, da Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia). A empresa fechou as portas em 1996, mas ainda tem dívidas trabalhistas de aproximadamente R$ 300 milhões.
Um decreto estadual de 2015 previa a desapropriação de 3.195 hectares da usina, mediante o pagamento de R$ 66 milhões à Capia. Há dois meses, as famílias do Quilombo Campo Grande firmaram um acordo em que o Estado se comprometia a pagar o valor em cinco parcelas.
Porém, acionistas da empresa com o apoio de ruralistas e latifundiários da região, não aceitaram o acordo. O grupo levou o caso para a Justiça, contra o governo de Minas Gerais, pedindo anulação do decreto que já havia sido validado por dois julgamentos. Os empresários retomaram uma liminar de despejo de 2012 referente à falência da usina e que estava parada há mais de um ano. Foi essa a liminar aprovada na quarta-feira (7).
De acordo com o MST e os advogados de defesa das famílias, a decisão é arbitrária e fere princípios constitucionais porque não reconhece valores de dignidade humana. O Movimento está recorrendo da decisão.
A produção
Os agricultores do quilombo trabalham com produção agroecológica ou de transição. O maior destaque é o Café Guaií, que também é exportado. Cerca de 2 mil pessoas são beneficiadas através da geração de trabalho e renda no acampamento.
São 1.200 hectares de lavoura de milho, feijão, mandioca e abóbora, 40 hectares de horta agroecológica, 520 hectares de café.
Roteiro da diligência
14h30, chegada e visita ao acampamento Quilombo Campo Grande, encontro com os trabalhadores rurais.
16h, audiência pública na escola do acampamento.
Pedro Calvi / CDHM
61-992193665 (WhatsApp)
Fonte e foto: MST