Para expositores preocupação com agrotóxicos não pode levar à redução do consumo de frutas e verduras

Expositores da iniciativa privada se mostraram preocupados com a propaganda adversa aos interesses do produtor de frutas, de que o uso excessivo de agrotóxicos nas lavouras contaminaria os alimentos e estaria ampliando os casos de câncer no país. Na audiência pública conjunta das Comissões de Desenvolvimento Econômico e de Agricultura eles apresentaram um novo posicionamento em defesa dos produtos agrícolas: o de que o consumo de frutas, legumes e verduras reduz o câncer e a obesidade.
08/12/2015 19h10

embrapa.br

Para expositores preocupação com agrotóxicos não pode levar à redução do consumo de frutas e verduras

Embrapa destacou a produção de frutas melhoradas

Questão amplamente econômica, como a de que a fruticultura contribui para gerar empregos e é fundamental para dinamizar o desenvolvimento regional, como destacou o representante da Abrafrutas Jorge Souza, cedeu lugar à divulgação de um novo posicionamento em reação à questão do avanço do câncer.

O presidente da Comissão Nacional da Fruticultura da CNA, Antonio Prado, apresentou relatos como o da Organização Mundial da Saúde, de que o consumo de frutas e hortaliças poderia salvar 1,7 milhão de pessoas em todo o mundo com a redução de casos de câncer e cardiopatias. Foi mais incisivo quando apresentou texto do Instituto Nacional do Câncer (Inca) de que a preocupação com os agrotóxicos não pode significar a redução do consumo de frutas, legumes e verduras, ”alimentos fundamentais em uma alimentação saudável  e de grande importância na prevenção do câncer”. Por fim, ressaltou posicionamento da superintendente de Toxicologia da Anvisa, Silvia Cavenaze, de que esses alimentos “não trazem risco, porque as pessoas ingerem pequenas quantidades e o benefício da ingestão do alimento sempre é muito maior do que o risco que ele (o agrotóxico) pode trazer”.  

Na apresentação anterior, do representante da Associação dos Exportadores de Papaia, José Macedo Fontes, uma pesquisa realizada pela entidade apontava que os jovens consomem menos mamão, e de que um dos motivos pelo qual não se consome a fruta é de que se acredita que a fruta tem muito agrotóxico.   

A audiência pública, requerida pelo deputado Silas Brasileiro (PMDB/MG), teve o objetivo de debater o PL 3082/15, de autoria do deputado Evair de Melo (PV/ES) que dispõe sobre a Política Nacional de Incentivo à Produção de Frutas in Natura e de Produtos Derivados.

 O representante da Embrapa, Fábio Faleiro, destacou a necessidade de produção integrada de frutas, permitindo que a assistência técnica e a transferência de tecnologia cheguem ao produtor. “Não é simples produzir fruta”, disse.  

“A fruticultura é um mercado exigente, que requer mão de obra qualificada”, afirmou Jorge Souza, da Abrafrutas. Ele lembrou ainda que o país conta hoje com 30 polos produtivos no país, que é o terceiro maior produtor de frutas do mundo. Mas tem apenas 3% de sua produção de frutas exportada.

Helinton Rocha, representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, disse que a competitividade não se estabelecerá de forma natural na fruticultura. “Para tanto é preciso um trabalho estruturante”, explicou. Para Rocha, o Projeto de Lei do deputado Evair de Melo procura alinhavar condições para essa estruturação.