Segundo Magno, diversos afluentes que desaguavam no Velho Chico acabaram secando nos últimos anos e as matas ciliares nas margens dos rios estão cada vez mais escassas. Porém, Soter Magno aponta que o principal problema, na verdade, encontra-se na má gestão pública dos recursos hídricos em conjunto com a ação descuidada de empresários do agronegócio.

"Todo mundo tem que ter acesso à água, mas antes de transpor o rio, nós deveríamos ter revitalizado o rio. Por que o rio São Francisco está morrendo? Porque seus afluentes estão morrendo, bem como os pequenos rios e suas nascentes. Isso ocorre pois gestões anteriores do governo federal acabaram avalizando fazendeiros e grandes empresários a desmatarem e a plantarem eucalipto na beira do rio, por exemplo. O agronegócio e a silvicultura de eucalipto, não que eu seja contra essas atividades, mas da forma que eles agiram no passado, com ciência do governo federal, os tornam responsáveis por esse passivo."

O coordenador da comissão externa, deputado Raimundo Gomes de Matos, do PSDB do Ceará, também está preocupado com a futura situação do rio São Francisco e disse que o problema tem afetado a pesca em muitas regiões do Nordeste, bem como o desenvolvimento da indústria têxtil na região.

Gomes de Matos também entende que a transposição não será eficiente se a revitalização não ocorrer.

"A obra física é importante, bem com o canal e a obra de engenharia, mas mais importante é nós garantirmos a preservação e a revitalização de todo o eixo do rio São Francisco, a partir das margens até a sua foz, se não corremos o risco de futuramente termos um canal vazio."

Segundo o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, o governo federal deverá investir R$ 130 milhões na revitalização do rio São Francisco até o final deste ano. Até junho, os investimentos chegaram a R$ 36 milhões.