Segurança nas fronteiras é discutida em Comissão da Câmara Otavio Leite: “Desafio do Brasil em proteger nossas fronteiras é imenso”
A Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados discutiu ontem (2) em audiência pública a segurança nas regiões de fronteiras. O autor do requerimento e presidente da Comissão, deputado Otavio Leite (PSDB/RJ), destacou sua preocupação com o baixo investimento no Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON). “Já passamos do meio do ano e menos de 10%, dos R$ 240 milhões previstos foram empenhados até agora num programa tão importante que não deveria ser de Governo e sim de Estado, pois afeta todos nós”, enfatizou.
O parlamentar que esteve em Ponta Porã (MS) durante a Operação Ágata 7 exaltou o empenho das Forças Armadas, da Polícia Federal e da Receita Federal na proteção de nossas fronteiras. Porém destacou que é preciso colaboração dos países vizinhos além de maiores investimentos no combate ao tráfico e ao contrabando de armas e outros produtos. “O Brasil está cercado pelos maiores produtores de cocaína e maconha do mundo. É preciso que os países fronteiriços colaborem com a fiscalização para que haja maior efetividade no trabalho. É inaceitável, por exemplo, que a Bolívia não coopere com nosso país no combate ao crime”, criticou.
O Comandante do Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército, General Santos Guerra Neto, destacou que o Brasil encabeça a lista de origem de apreensão de cocaína e crack apesar de não produzir as drogas. “O custo anual da violência é de R$ 224,11 bilhões o que equivale a 5,09% do PIB. O prejuízo relacionado apenas ao narcotráfico é de R$ 49,3 bilhões. Não há ninguém neste país que não esteja atingido com o problema das drogas e da segurança nas fronteiras”, ressaltou o general.
O representante da Marinha, capitão de Mar-e-Guerra Fábio Müller Vidal, enfatizou que a fiscalização precisa ser incrementada nas zonas de fronteira. “Na Amazônia os rios são como rodovias. É preciso um somatório de esforços para obter melhores resultados”.
Já o coordenador de Fiscalização e Repressão da Receita Federal, Peter Tofte, disse que a fronteira mais crítica do país vai de Ponta Porã a Tabatinga (AM), principalmente pela falta de pessoal para trabalhar. “A tarefa de fiscalização não é fácil mesmo com muitos recursos e tecnologias. Em 2012 foram apreendidas 6 toneladas de maconha e quase 800 kg de cocaína”, ressaltou.
O Brasil possui quase 17 mil quilômetros de fronteiras, sendo mais de 7 mil km formados por fronteiras secas, abrangendo 11 estados e 588 municípios.
Reportagem - Michelle Maia Melo