Polícia do Rio sabe quem foi o mandante, diz deputado

04/06/2008 11h15

“Só ficarei satisfeito quando prenderem esses criminosos, e o secretário (Beltrame) assegurou que já identificou o mandante da tortura, já possui informações checadas por GPS de todas as viaturas policiais que estiveram na região naquele dia e que, nas próximas horas ou nos próximos dias, a sociedade receberá a resposta para esse caso (de tortura contra jornalistas)”, declarou ontem o deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE), presidente da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados.

Parlamentares que integram a comissão se reuniram ontem com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, em busca de informações sobre as investigações da tortura sofrida por uma equipe do jornal O Dia e um morador.

Jungmann revelou que Beltrame acredita que o crime foi cometido pelos Pés Inchados (seguranças e vigilantes clandestinos, sem ligação com corporações policiais), mas com envolvimento de policiais. O deputado disse que convocará audiência pública para discutir as milícias e defendeu a tipificação para o crime de envolvimento de agentes públicos com grupos paramilitares. “Considero urgente a criação de uma vara especializada no Rio para julgar casos ligados ao crime organizado.”

O delegado-titular da Delegacia de Combate às Ações Criminosas do Crime Organizado, Cláudio Ferraz, que investiga o caso, participou do encontro. Magessi reconheceu que já defendeu milícias, mas disse que esses grupos “perderam o romantismo” e se voltaram para o lucro.

Na Favela do Batan, os moradores só falam com garantia de anonimato. Eles confirmam a versão do jornal O Dia sobre a tortura e lembram de moradores espancados após cometerem infrações condenadas pelos milicianos. A exceção é o presidente da Associação de Moradores da Favela do Batan, Everaldo Costa. Ele diz desconhecer os abusos. “Não ouvi comentário sobre jornalistas que foram espancados. Eles tentam se promover.” Ele nega a existência de milícias. “Os moradores se uniram e expulsaram os vagabundos. O pessoal do 14º matou o resto”, disse, referindo-se ao 14º Batalhão de Polícia Militar de Bangu.

Fonte: Jornal O ESTADO DE SÃO PAULO