Jungmann pede dados sobre suposta ligação das Farc com PT
O presidente da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), protocolou nesta segunda-feira na Mesa Diretora da Câmara dois pedidos de informação ao Executivo sobre o suposto envolvimento de autoridades brasileiras com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). O primeiro pedido, ao ministro da Justiça, Tarso Genro, é de esclarecimentos sobre a situação jurídica do ex-padre colombiano Olivério Medina, que mora em Brasília e é considerado o embaixador das Farc no Brasil. Medina é citado como suposto elo entre a guerrilha de narcotraficantes com representantes do governo brasileiro, conforme informou, na última semana, a revista colombiana Cambio.
A revista teve acesso a 85 e-mails extraídos do computador do líder das Farc Raúl Reyes, que morreu em março. Nas mensagens, Olivério cita nomes de altos funcionários do governo Lula, o que levou a revista a fazer vínculos entre a guerrilha e o Brasil. O ex-padre, que é procurado pela Justiça colombiana, vive no Brasil desde 1997 e ganhou status de refugiado político em 2006. Ele é casado com uma brasileira e tem uma filha nascida aqui.
Jungmann também pede ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, cópias dos documentos repassados ao governo brasileiro por autoridades da Colômbia referentes à eventual relação de brasileiros com as Farc - em especial, os que foram entregues na ocasião de visita do presidente Lula àquele país, recentemente. Para o deputado, as informações pedidas são importantes em função da gravidade das notícias veiculadas nos últimos dias na imprensa brasileira.
Audiência
O deputado quer ainda a realização de audiência pública na Comissão de Segurança para discutir o tema. Segundo ele, as denúncias da revista colombiana são graves e precisam ser apuradas pelo Congresso. "Em princípio, acreditamos que todas as declarações de autoridades brasileiras negando participação são dadas de boa-fé. Ainda assim, temos um cidadão de outra nacionalidade vivendo aqui com status de refugiado que, teoricamente, estaria se correspondendo com a guerrilha num outro país", ressalta.
A audiência deverá ser conjunta com a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.
Para Jungmann, é preciso esclarecer o assunto, porque a Colômbia tem um governo democrático, eleito regularmente, com o qual o Brasil mantém relações diplomáticas, "e não faz sentido que autoridades do governo mantenham relações com guerrilhas que visam a depor um governo democraticamente eleito".
Pirotecnia
O vice-líder do PT Luiz Couto (PB) classificou a iniciativa de Jungmann como "pirotecnia". Ele disse que os petistas e outros integrantes do governo citados na revista colombiana têm um histórico em defesa dos direitos humanos e já condenaram publicamente as ações das Farc. "O padre Olivério já foi absolvido pela Justiça brasileira. Não podemos dar credibilidade a qualquer informação vazia e sem conteúdo", afirmou, lembrando que já houve um desmentido formal do governo brasileiro. "Tentam enlamear companheiros e companheiras que têm uma vida em defesa da democracia, contra a tortura, contra o terrorismo e contra essa matança", acrescentou.
O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, garantiu que não houve pressão do governo para a concessão do refúgio político a Medina. Segundo Barreto, o Brasil tem atualmente mais de 500 refugiados políticos colombianos, quase todos ligados ao conflito do governo daquele país com as Farc e com organizações paramilitares. A legislação brasileira determina que o refugiado não pode manter atividade política voltada a desestabilizar o governo de seu país de origem.
Fonte: Agência Câmara
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