Jobim pede desculpas e diz que haverá justiça no caso dos jovens mortos no Rio
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, que esteve hoje (17) no Morro da Providência, na zona Portuária do Rio, afirmou que haverá Justiça no caso dos três jovens da comunidade mortos com a participação de 11 militares.
“Quero demonstrar, com absoluta clareza, a indignação do Ministério da Defesa e do Comando do Exército do fato que ocorreu. Vamos tomar todas as providências a fim de garantir que a justiça se realize. O que não podemos permitir é que esse fato contamine a obra que está sendo feita. O que não podemos é confundir o fato que aconteceu, com a ação do Exército e com as obras que estão sendo realizadas aqui. São completamente distintos”, disse o ministro que visitou as obras de reformas de casas que estão sendo feitas pelo projeto Cimento Social, com a participação do Exército.
Após se reunir à tarde com líderes da comunidade na Associação dos Moradores, Jobim pediu desculpas oficiais em nome do governo. “Estamos reafirmando as desculpas que nós já manifestamos, o nosso pesar pelo acontecimento e mostrando claramente que isso não vai se repetir.”
Durante a reunião, o ministro ouviu o pedido de retirada das tropas do morro, mas evitou dar uma resposta imediata e disse que levaria o apelo ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para só depois decidir. Perguntado sobre o assunto pelos jornalistas que acompanharam a visita ao morro, Jobim foi reticente: “Isso é um problema que nós vamos resolver. As obras vão continuar”.
O comandante do Exército, general Enzo Peri, também fez parte da comitiva que visitou o Morro da Providência.
Para a presidente da Associação dos Moradores, Vera Melo, a continuidade das obras é fundamental, mas sem a presença dos militares: “Eu não quero que a obra pare, pois está empregando 102 pessoas. Mas a gente quer a saída do Exército do morro. Não tem mais condição. E não é o tráfico que está mandando. É a comunidade que está pedindo”.
Mais cedo, Jobim esteve reunido no Comando Militar do Leste (CML) com a cúpula do Exército e o deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE), presidente da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara. Jungmann disse que não é contra a presença das Forças Armadas no combate ao crime, mas afirmou que é preciso discutir a regulamentação legal do assunto.
"A primeira providência tem que ser a punição exemplar daqueles que cometeram esse desvio, que foi absurdo. As Forças Armadas têm as funções de defesa da soberania e da GLO [Garantia da Lei e da Ordem] e isto não está regulamentado, o que é da maior gravidade e favorece incidentes trágicos como esse."
O deputado disse que foi determinada a criação de uma comissão externa que deverá vir ao Rio com objetivo de elaborar um relatório sobre o assunto dentro de 15 dias. Jungmann também afirmou que será convocada uma audiência pública na Câmara para debater o papel das Forças Armadas no combate à violência.
Fonte: Agência Brasil